Uma câmara de 40 metros de comprimento por quase 4 de altura montada numa estrutura de aço, vidro e madeira, onde uma grande hélice instalada em uma das extremidades faz movimentar o ar em velocidades de até 90 quilômetros por hora. Inaugurada no início de junho no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), essa câmara recebe o nome de Túnel de Vento de Camada Limite Atmosférica. Em todo o mundo, existem cerca de 15 outros equipamentos semelhantes. O túnel é uma ferramenta para o estudo da dispersão de poluentes gerados por chaminés, queimadas ou motores a combustão. Também será útil na análise dos efeitos do vento em torres de transmissão, plataformas de prospecção de petróleo, aeroportos e nas estruturas e coberturas de prédios residenciais e industriais.
O túnel foi projetado e desenvolvido no IPT e custou R$ 1 milhão, sendo R$ 300 mil do próprio instituto e quase R$ 700 mil da FAPESP. O projeto também contou com a parceria da Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb) e do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP). Antes mesmo de ser inaugurado, o túnel foi sondado por empresas de telecomunicações, interessadas na influência dos ventos nas estruturas das torres de transmissão.
“Uma semana depois da inauguração, recebemos uma consulta da Escola Politécnica da USP sobre a possibilidade de fazer um ensaio de uma estrutura industrial na cidade de Americana”, conta Marcos Tadeu Pereira, chefe do Agrupamento de Vazão do IPT, responsável pelo equipamento. Inusitado para os pesquisadores, foi um pedido de gravação de clipe musical dentro do túnel, que será atendido.
Complexo urbano
Os testes no interior do túnel serão feitos com maquetes de ruas, edifícios, fábricas e carros. Os efeitos dos gases serão monitorados por uma espécie de robô instalado em uma armação metálica que posiciona os instrumentos de medição nas maquetes. Com o resultado das medições será possível, se for o caso, fazer intervenções nos locais com a colocação de placas que favoreçam, por exemplo, a dispersão de poluentes sobre as janelas de um hospital ou ainda sugerir a construção de chaminés mais altas. A equipe do IPT também vai emitir laudos vetando a construção de edifícios em áreas onde comprometa a dispersão de poluentes e do vento.No dia de inauguração do túnel também ficou registrado, numa placa ao lado do equipamento, uma homenagem aos 40 anos da FAPESP. Agora, resta que bons ventos marquem a trajetória do túnel no sistema de ciência e tecnologia do país.
O projeto
Túnel de Vento de Camada Limite Atmosférica (nº 98/15402-5); Modalidade Programa de Equipamentos Multiusuários; Coordenador Marcos Tadeu Pereira – IPT; Investimento R$ 697.781,33