Estudo de autoria de Márcia de Freitas Lenzi e Lea Camillo Coura, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), no Rio de Janeiro, Prevenção da dengue: a informação em foco, analisou o conteúdo informativo do material produzido pelas campanhas de esclarecimento da doença, focando a atenção nos folhetos distribuídos pelos órgãos oficiais em 2002 nas ruas da capital fluminense. O Rio, naquele ano, viveu uma grande epidemia de dengue, com um número expressivo de casos de febre hemorrágica. A análise da Fiocruz seguiu o princípio de que o material informativo em uma campanha de saúde pública tem grande relevância no esclarecimento da população sobre a doença e sua prevenção. “Entretanto, a relação entre conhecer e agir não é direta. O indivíduo não é orientado exclusivamente pela lógica da escolha racional resultante de informações sobre comportamentos adequados que promoverão sua saúde”, acreditam as pesquisadoras. “Seu agir é fruto de suas concepções, crenças e valores.” Segundo elas, a circulação de informação de má qualidade pode levar à inação ou a ações ineficazes. “Em 2002, por exemplo, a campanha conseguiu a atenção e adesão da população, amedrontada com a velocidade do surgimento de casos graves e óbitos”, ressaltam. “Mas, apesar do grande investimento, a população ainda mostrava ter muitas dúvidas sobre a doença e se sentia despreparada para enfrentar a epidemia.” O estudo constatou que a desinformação foi percebida em todas as classes sociais, tornando ainda mais evidente a necessidade de reflexão sobre a qualidade do trabalho de esclarecimento realizado. “Apesar da grande ênfase dada ao assunto pela mídia, a avalanche de informações sobre diferentes tipos de cuidados com criadouros do mosquito e a falta de precisão sobre os condicionantes e sintomas da dengue clássica e hemorrágica dificultaram a orientação da população”, analisam as pesquisadoras.
Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical – vol. 37 – nº 4 – Uberaba – jul./ago. 2004
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