Imprimir PDF Republicar

Carta da editora | 128

Inovações de hoje, invenções geniais de ontem

A dica veio de Fernando Reinach, biólogo e executivo da Votorantim Novos Negócios, numa conversa informal: por que vocês não fazem uma reportagem sobre o cluster de Sertãozinho? A razão era a impressionante capacidade ali instalada para produzir inovação tecnológica num campo em que o Brasil ocupa, sem a mais leve sombra de dúvida, posição de liderança mundial, ou seja, a geração de energia baseada em cana-de-açúcar, assentada numa poderosa agroindústria sucroalcooleira.

Decidimos fazer. E o resultado é a bela reportagem de capa desta edição, na qual Dinorah Ereno, editora assistente de tecnologia, oferece material abundante para que se possa refletir a respeito das possibilidades de crescimento econômico que o investimento decidido em inovação –  particularmente num campo em que temos consideráveis vantagens comparativas -abre ao país. Conforme seu relato, Sertãozinho, uma pequena cidade no nordeste paulista a 320 quilômetros da capital, com menos de 100 mil habitantes, traduz de forma consistente e concentrada em sua paisagem as transformações ocorridas no setor sucroalcooleiro nas últimas décadas, tempo em que as velhas chaminés de tijolos das usinas de açúcar e álcool cederam lugar a empresas modernas, afinadas com as mais avançadas tecnologias para garantir maior produtividade no campo e incontáveis ganhos no processo industrial. Vale a pena conferir.

No âmbito da tecnologia, aliás, o centenário do vôo do 14-Bis nos ofereceu o pretexto perfeito para falar nesta edição de um dos mais importantes, senão o mais importante inventor brasileiro. Estamos nos referindo, claro, a Alberto Santos-Dumont, que, conforme já é consenso entre os pesquisadores da área, deu a maior contribuição individual para o desenvolvimento da aeronáutica em seus primórdios. Assim, é no mínimo justo dedicar à sua trajetória, a histórias pouco conhecidas e mesmo a algumas novidades sobre o genial inventor, as 12 páginas de um suplemento especial que esta edição lhes reserva, resultado de excelente trabalho do editor chefe, Neldson Marcolin.

Permaneço ainda um pouco nos domínios da tecnologia porque seria injusto não destacar aqui a reportagem imperdível do editor de tecnologia, Marcos de Oliveira, sobre pesquisas que têm ampliado o conhecimento a respeito da brasileiríssima cachaça e contribuído de forma decisiva para o aumento de sua qualidade.

Entro enfim na ciência com um alerta muito importante: andam tratando mal o coração das mulheres, quando é necessário, na verdade, dispensar-lhe a máxima atenção. O coração vai aqui em sentido real, orgânico, ainda que muitas mulheres inclinem-se a pensar que a frase cairia como uma luva no uso metafórico do vocábulo. Mas importante neste espaço é informar que estudos na Europa, nos Estados Unidos e em alguns levantamentos feitos no Brasil indicam, conforme relato do editor especial Ricardo Zorzetto, que é preciso chamar a atenção dos médicos para a saúde cardiovascular da mulher, dado que embora o infarto já seja há anos uma causa de morte das mulheres quase com o mesmo peso que tem entre os homens, elas continuam a receber, neste particular, menos atenção do que eles.

E uma ótima notícia surge de pesquisadores empenhados em deter uma praga que nos últimos anos atacou duramente os cacauais do sul da Bahia, a ponto de dizimar parte significativa das plantações e infligir pesadas perdas econômicas à região – a vassoura-de-bruxa. É que, conforme relato do editor de ciência, Carlos Fioravanti, que foi a Ilhéus e arredores ver de perto o que se passa, técnicas simples e engenhosas estão conseguindo levar a cacaueiros que não dão abrigo à praga.

Para encerrar pelas bonitas páginas de humanidades: vale um destaque especial ao exame que filósofos e cientistas sociais fazem neste momento da explosiva questão da ética na política, conforme a reportagem do editor de humanidades, Carlos Haag, e outro para o perfil insuspeitado de Leopoldina, imperatriz do Brasil, traçado a partir das próprias cartas dessa maquiavélica articuladora política. E, por fim, vale voltar ao começo da revista, para ler a polêmica entrevista do geneticista Francisco Salzano.

Republicar