Podcast: Tiago Simões
Pedaços fossilizados, mas muito bem preservados, de uma mandíbula pré-histórica encontrados no município de Cruzeiro do Oeste, no noroeste do Paraná, estão ajudando pesquisadores brasileiros e canadenses a entender melhor a origem na América do Sul da fauna dos lagartos iguanídeos, que contabilizam mais de 1.700 espécies vivas, sem contar as extintas. De acordo com os pesquisadores, a nova espécie, batizada de
Gueragama sulamericana, habitou o sul do Brasil há aproximadamente 80 milhões de anos (
Nature Communications, 26 de agosto). Análises indicam que o lagarto pertenceu a um grupo chamado acrodonte, encontrado até então apenas na Ásia, África e Europa. A descoberta do
G. sulamericana por pesquisadores das universidades de Alberta, no Canadá, e do Contestado, em Santa Catarina, e do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), sugere que a dispersão desse grupo de répteis pelo hemisfério Sul se deu muito antes do que se imaginava e que os acrodontes alcançaram uma distribuição em escala global antes da Era Cenozoica, período que compreende os últimos 66 milhões de anos.“A espécie vivia provavelmente em tocas para evitar as altas temperaturas durante parte do dia, como fazem atualmente os lagartos acrodontes de hábitat semelhante no norte da África e do Oriente Médio”, diz o paleontólogo brasileiro Tiago Rodrigues Simões, aluno de doutorado na Universidade de Alberta e principal autor do estudo sobre o novo fóssil de acrodonte.
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