Os Institutos Nacionais de Saúde (NIH), principal organização de fomento à pesquisa médica dos Estados Unidos, anunciaram que deixarão de alocar 10% de seu orçamento científico – o equivalente a US$ 3 bilhões em 2015 – a estudos sobre a Aids, interrompendo uma estratégia criada no início dos anos 1990 para deter a epidemia da doença. A agência também vai reorientar seus investimentos, dando ênfase menor para a ciência básica e privilegiando a busca de uma vacina e de novas terapias contra a síndrome. A garantia de 10% foi combinada entre os NIH e o Congresso norte-americano há cerca de 25 anos, numa época em que o diagnóstico da Aids era quase um sinônimo de sentença de morte – a sobrevida média mal passava de um ano. A pressão de grupos especialmente afetados pela doença na primeira fase da epidemia, com destaque para os militantes gays, foi fundamental para garantir os recursos. O surgimento de terapias que ampliaram muito a sobrevida dos pacientes colocou a estratégia em xeque. Isso porque o número de mortes caiu tão fortemente que não havia mais justificativa para a prioridade. “A mudança é necessária, embora difícil e dolorosa”, disse o virologista Ian Lipkin, da Universidade Columbia, à revista Science. Segundo o Conselho Consultivo dos NIH, à medida que os projetos em vigor se encerrarem, parte dos recursos será realocada na pesquisa de outras doenças.
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