As condições precárias de trabalho dos catadores de materiais recicláveis facilitam a propagação de vírus causadores de doenças. Pesquisadores das universidades de Brasília (UnB) e de São Paulo (USP), do Instituto Butantan e do Campus Biomédico da Itália analisaram por metagenômica amostras de sangue de 120 catadores que em 2017 trabalhavam no aterro da Cidade Estrutural, próximo ao Parque Nacional de Brasília, no Distrito Federal. A maioria (71%) era de mulheres. Os resultados foram comparados com os de 60 doadores de sangue do Centro de Hematologia de Ribeirão Preto. As amostras foram testadas em conjunto e algumas revelaram ácidos nucleicos de vírus, como o HIV (imunodeficiência humana), HCV (hepatite C), da dengue e da chikungunya, não encontrados no grupo-controle. A Cidade Estrutural abriga cerca de 45 mil moradores. Cerca de 2 mil trabalhavam no aterro da Estrutural antes de ser desativado, em 2017; atualmente, recebe apenas resíduos da construção civil. Muitos catadores ainda moram no local e trabalham em cooperativas e associações contratadas pelo serviço de limpeza urbana do Distrito Federal ou como autônomos, recolhendo materiais na rua (Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, agosto).
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