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Na boca dos cientistas

Artigo de químicos da Unicamp fica entre os mais populares da revista Analyst

A capa de outubro com o artigo sobre a técnica Easi

Um artigo produzido no Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (IQ/Unicamp) sobre uma nova técnica de espectrometria de massas e seu uso para checar a autenticidade de documentos e notas de dinheiro ganhou a capa da revista Analyst, da inglesa Royal Society of Chemistry, em outubro de 2010. Em novembro foi notícia em Pesquisa FAPESP (edição nº 177). Agora entrou para a lista dos hot 5 da Analyst, o que significa que ficou entre os cinco artigos mais acessados do ano passado no site da publicação especializada em química analítica. “Como dois dos cinco papers são de revisão e não contam, porque são naturalmente mais lidos, nosso trabalho ficou em 2010 entre os três mais atrativos”, comemora o químico Marcos Eberlin, fundador e coordenador do Laboratório ThoMSon de Espectrometria de Massas do IQ/Unicamp.

Apresentar uma lista anual dos artigos científicos que mais interessaram aos leitores é uma prática comum entre os periódicos do exterior. Com os textos on-line fica fácil saber quantas vezes cada um deles tem o resumo lido e quantas pessoas real-mente baixam o artigo inteiro. Fazer parte do seleto grupo dos cinco artigos mais acessados durante o ano em uma revista de grande tradição e alto impacto como a Analyst é animador também porque, provavelmente, terá influência no número de citações do trabalho lido. “Mas não dá para ter certeza, é preciso esperar de cinco a 10 anos para ter essa medida. Embora a expectativa de que o artigo será muito citado por outros pesquisadores seja positiva”, diz Eberlin. Outro fator interessante é que o artigo foi acessado a partir de outubro, ou seja, apenas nos últimos meses do ano.

Os estudos proporcionados pela técnica Easi-MS (Easy Ambient Sonic-Spray Ionization Mass Spectrometry), criada por Eberlin em 2006, têm obtido reconhecimento no meio científico. Já foram produzidos 30 artigos e só em 2010 a equipe da Unicamp publicou 11 deles em revistas internacionais como Analyst, Analytical Chemistry e Analytical & Bioanalytical Chemistry. O trabalho que está entre os cinco mais populares mostra como a Easi foi eficaz em diferenciar notas falsas e verdadeiras de real, euro e dólar. O resultado sai na hora, enquanto as técnicas de análise normais demoram dias e exigem pessoal altamente qualificado. O método é parte de uma nova geração de técnicas de espectrometria de massas capazes de, com simplicidade, identificar e quantificar cada tipo de molécula presente em misturas complexas e discriminar quais átomos formam essas moléculas e como eles estão arranjados. A rapidez, simplicidade e precisão para identificar tintas, material impresso, bebidas e derivados de petróleo falsificados levaram a Polícia Federal e a Polícia Civil a firmar convênios com o laboratório do IQ/Unicamp.

Eberlin diz que tal situação era inimaginável há 20 anos. “Íamos ao exterior e ficávamos deslumbrados com os recursos e estrutura dos laboratórios, enquanto no IQ, por exemplo, só havia um ou outro equipamento antigo de identificação de moléculas”, conta. Hoje há mais de 20 deles no instituto, entre os melhores e mais atuais disponíveis, no mundo.  “Em duas décadas viramos o jogo, de expectadores a líderes em ciência e tecnologia, graças ao investimento da FAPESP e, pelo menos em química analítica, conseguimos publicar em quantidade e qualidade nas melhores revistas do mundo”, diz.

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