Duas instituições brasileiras, as universidades de São Paulo (USP) e Estadual de Campinas (Unicamp), despontam entre as 200 melhores no mundo, de acordo com a quarta edição do ranking anual feito pelo Higher Education Supplement, do jornal britânico The Times. A USP aparece em 175º lugar, empatada com a Universidade de Massachranusetts, em Amherst, nos Estados Unidos – posição melhor do que as obtidas em 2006 (284º lugar) e em 2005 (196º lugar). O salto da Unicamp, que aparece em 177º lugar, foi ainda mais expressivo. Em 2006 estava na 448ª posição. Se tivesse obtido um conceito maior em algum quesito, poderia ter ultrapassado a USP. A lista é elaborada a partir de diversos critérios reunidos. O principal é a análise por pares, que representa 40% da nota final. Um conjunto de 5,1 mil pesquisadores foi entrevistado, sendo 41% da Europa, África e Oriente Médio, 30% das Américas e 29% da Ásia e do Pacífico. Também tem peso a opinião de empresas que contratam recém-graduados, além de indicadores de produção acadêmica e de inovação, entre outros. Os dez primeiros lugares pertencem a universidades britânicas e americanas – Harvard, mais uma vez, é a primeira da lista, seguida por Cambridge, Oxford e Yale. Na relação das 200 melhores do mundo, a América Latina é representada apenas por mais uma instituição, a Universidade Nacional Autônoma do México, na 192ª posição. O mundo em desenvolvimento entra com apenas mais uma: a Universidade de Cape Town, na África do Sul, em 200º.
É certo que a produção acadêmica das instituições brasileiras vem crescendo ano a ano, mas mudanças na metodologia do ranking também ajudam a explicar a boa evolução da USP e da Unicamp. Os organizadores do levantamento pediram que os acadêmicos entrevistados listassem 30 universidades que consideram líderes mundiais em seus campos do conhecimento – mas pela primeira vez proibiram que votassem em suas próprias instituições. “Isso certamente ajudou a abrir espaço para que o nome da Unicamp despontasse”, comemora José Tadeu Jorge, reitor da instituição. “Provavelmente, isso resulta de nossa estratégia de mandar cada vez mais alunos estudar um período da graduação em instituições do exterior, principalmente da Europa e da América Latina. A qualidade desses estudantes deve ter servido para divulgar a Unicamp”, afirma.
Já a reitora da USP, Suely Vilela, não crê que seja grande o impacto da mudança de metodologia no desempenho da instituição que comanda. “Nossa posição neste ranking oscilou bastante nos últimos anos, mas um outro ranking de universidades cujos critérios se mantiveram estáveis, feito pela Universidade de Xangai, mostra que nossos indicadores melhoram ano a ano. Saímos do 165º lugar em 2003, fomos para o 153º em 2004, para o 139º em 2005 e o 134º em 2006. Agora estamos na 128ª posição”, diz Suely. A reitora atribui o desempenho da USP a um conjunto de fatores, que vão da competência de seus recursos humanos à autonomia didático-financeira de que as universidades estaduais paulistas desfrutam.
Outro fator favorável às brasileiras foi a utilização no ranking, pela primeira vez, da base de dados Scopus para medir as citações recebidas pelos artigos dos autores de cada universidade, indicador de qualidade da produção acadêmica. Comercializado pela editora Elsevier, a Scopus contém resumos e referências de 15 mil periódicos científicos revisados por pares, em substituição à base utilizada nas versões anteriores, a consagrada Thomson-ISI. A razão da troca, segundo os organizadores do ranking, é a maior presença de publicações em outras línguas além do inglês na base Scopus. USP e Unicamp também se beneficiaram da maior abertura na base Scopus a publicações em biologia e engenharias, áreas em que elas têm tradição.
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