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GEOMETRIA

Noções familiares de forma e espaço

Professores recuperam interesse pela matéria

O vídeo produzido com alunos de primeira à quarta série da Escola Estadual Doutor Edmundo de Carvalho, a Escola Experimental da Lapa, em São Paulo, tem sido usado como referência no ensino da geometria. Depois de assistir ao documentário, professores passam a conhecer melhor o modo e o ritmo com que crianças de 7 a 10 anos constroem noções de espaço e forma. O vídeo fez parte de um projeto de formação de professores que o Centro de Estudo e Pesquisa no Ensino da Matemática, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC, desenvolveu durante três anos (até agosto de 1999), com a coordenação da professora Tania Maria Mendonça Campos. Ela explica: “Se você quiser ter sucesso no ensino da matemática, tem que partir de noções familiares, para depois entrar com a parte abstrata”. É disso que o vídeo trata.

Alunos de 1ª e 2ª séries não têm muita noção de pontos de referência nem de perspectiva. “Se você pergunta onde fica a sua carteira, a criança diz que é aquela que tem uma mochila vermelha em cima, mas não localiza um ponto da sala. Se pergunta onde fica o banheiro, responde que deve ir toda a vida pelo corredor, sem usar informações precisas como direita e esquerda”, diz Tania. Com o passar do tempo, adquirem maior capacidade para se localizar. Noções de espaço, aliás, foram trabalhadas na primeira fase do projeto.

“No começo, as crianças foram estimuladas a raciocinar no âmbito da sala de aula, depois avançamos até o pátio e mais adiante já estávamos perguntando que caminho faziam para voltar para casa.” Na fase seguinte, o projeto enfocou o ensino das formas geométricas. Modelando superfícies planas, bicos, arestas em argila, montando e desmontando cubos e paralelepípedos, os alunos aprenderam a reconhecer formas pelo número de faces e vértices, “embora não percebessem espontaneamente as relações entre os números”. Por último, aprenderam sobre as formas planas e empenharam-se em reproduzi-las pelo desenho. “Mantêm o formato, as saliências e reentrâncias, mas não dão importância ao tamanho.”

Em breve, a equipe de pesquisa vai lançar livro sobre o projeto, motivada pelo sucesso do vídeo. Além de mostrar os diferentes estágios de aprendizagem da geometria, os pesquisadores darão dicas sobre o uso do computador como ferramenta de ensino. A FAPESP financiou a compra desses computadores e concedeu bolsas para os professores. Foram os próprios docentes que escolheram trabalhar com geometria. “A geometria foi muito abandonada nos últimos anos, em favor das estruturas algébricas. É compreensível que tenham deficiências nessa área.”

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