Maior planeta do Sistema Solar, Júpiter apresenta ao sul de seu equador um traço característico: uma zona de alta pressão permanente, 30% maior do que o diâmetro da Terra, dominada por um vórtice anti-horário perene. Essa enorme área tomada por um anticiclone aparece na superfície de Júpiter como uma Grande Mancha Vermelha. A região imediatamente acima da mancha nunca despertou atenção e parecia não abrigar nenhuma peculiaridade digna de nota. Mas observações feitas em julho de 2022 com um dos instrumentos a bordo do telescópio espacial James Webb, operado pelas agências espaciais dos Estados Unidos (Nasa), da Europa (Esa) e do Canadá (CSA), indicam que essa impressão é equivocada. Com auxílio do NIRSpec, um espectrógrafo que mede propriedades da luz nos comprimentos de onda do infravermelho próximo, uma equipe de astrofísicos conseguiu divisar estruturas complexas logo acima da mancha, como arcos escuros e pontos brilhantes, que ainda precisam ser desvendadas. “Talvez de forma ingênua, achávamos que essa região seria realmente sem graça”, diz, em comunicado de imprensa, o astrofísico Henrik Melin, da Universidade de Leicester, no Reino Unido, coordenador das observações. “Júpiter nunca deixa de nos surpreender” (Nature Astronomy, junho).
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