daniel buenoAlterações em diferentes trechos de um ou mais genes podem influenciar a pigmentação da pele de populações com alto grau de miscigenação, segundo um estudo coordenado pela geneticista Maria Cátira Bortolini, do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No trabalho, o biólogo Caio Cerqueira analisou 18 alterações genéticas, conhecidas como polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs), distribuídas em nove genes associados à pigmentação da pele, dos olhos e dos cabelos. Os SNPs são alterações genéticas em que apenas uma das letras da sequência do DNA (A, T, C e G) é alterada. Há tempos se verificou que essas 18 alterações estariam ligadas direta ou indiretamente à pigmentação humana. Agora Cerqueira e colegas procuraram possíveis associações entre esses SNPs e o nível de melanina, pigmento que dá cor à pele, em 352 gaúchos e 148 baianos (PLoS One, maio 2014). Quatro dessas alterações permitiram predizer o nível de pigmentação da pele nessas populações miscigenadas. Mas apenas duas delas tinham relação direta com o nível de melanina tanto nos gaúchos quanto nos baianos. Segundo Cátira, essas alterações podem ser de grande valia para a ciência forense, já que se mostraram ligadas ao nível de pigmentação dos dois grupos, independentemente do grau de miscigenação de cada um. “Com base nesse tipo de informação e uma amostra de DNA encontrada na cena de um crime, a polícia pode detalhar o retrato do suspeito a partir dessas duas alterações genéticas ligadas à cor da pele”, explica a geneticista.
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