Imprimir PDF Republicar

Biodiversidade

Os gritos das serpentes

SANTOS, T. P. dos et al. Acta Amazonica. 2024Somente a fêmea (à dir.) emite sons curtos e estridentesSANTOS, T. P. dos et al. Acta Amazonica. 2024

Em outubro de 2023, os biólogos Tatiane Santos, Marcos Penhacek, Domingos Rodrigues e Gisele Lourenço, da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Sinop, examinaram os baldes enterrados até a boca para capturar animais em uma mata de Aripuanã, noroeste do estado. Encontraram duas cobras-da-terra (Amerotyphlops reticulatus) – uma fêmea e um macho, em cópula. Ao retirá-las do balde, notaram que as serpentes faziam movimentos laterais, com a boca aberta, mas só a fêmea emitia sons curtos, estridentes e agudos. Eram mais intensos que os sons defensivos de outras espécies e acima da frequência em que as próprias cobras-da-terra conseguem ouvir. É o primeiro registro documentado de emissão de som de uma serpente fossorial – que vive em tocas – na Amazônia brasileira. Em 2023, biólogos da Universidade de Missouri, Estados Unidos, registraram a vocalização de outra espécie da mesma família taxonômica, a cobra-cega-de-focinho-de-garra (Anilios unguirostris), solta antes da identificação do sexo, no norte da Austrália. As duas espécies não são venenosas (Acta Amazonica, dezembro).

Republicar