As comemorações do centésimo aniversário do Prêmio Nobel foram marcadas por uma desconcer- tante polêmica: quatro descendentes do inventor sueco defendem retirar o nome da família do prêmio de Economia. “Economia nunca esteve no testamento de Alfred Nobel e não tem o espírito de seus prêmios”, afirmou ao jornal inglês Financial Times (24 de novembro de 2001) Peter Nobel, advogado especialista em Direitos Humanos e bisneto do irmão de Alfred, Ludvig. Alfred não deixou descendência direta. Três outros descendentes de Ludvig – Anders Ahlqvist, Johan Ahlqvist e John Hylton – concordam com Peter. As outras cinco categorias do prêmio – Paz, Literatura, Física, Química e Medicina – foram diretamente mencionadas no testamento do inventor e concedidas já na primeira edição do Nobel, em 1901.
Economia só foi incorporada em 1968, em comemoração aos 300 anos de fundação do Riksbank, o banco central sueco. Para os quatro Nobel, Riksbank deveria ser o nome do prêmio conferido aos economistas. Eles argumentam que essa premiação contraria declarações do próprio Alfred de que os prêmios deveriam ser outorgados todos os anos àqueles que tivessem dado “o maior benefício à humanidade”. “A maioria dos prêmios de economia vai para pessoas que refletem o pensamento ocidental dominante. E temos dúvidas se esse é realmente um benefício a toda a humanidade”, afirma Peter Nobel. Não por acaso, os vencedores do prêmio de economia de 2001 – George Akerlof, Michael Spence e Joseph Stiglitz – são dos Estados Unidos.
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