wikicommonsA comunicação acústica das baleias parece sofisticada, complexa e plástica. Mas comunicação é algo bem mais amplo e mais distribuído na natureza que linguagem. Comunicação inclui qualquer comportamento que altere o comportamento de outro indivíduo. Linguagens simbólicas são apenas um caso extremo, possivelmente restrito aos humanos, mas todos os animais se comunicam de alguma forma (química, acústica, visual…), sejam sinais de alarme ou de localização de alimento, sejam sinais para indicar receptividade sexual, para enganar predadores ou para coordenar deslocamentos grupais. Alguns casos particulares podem sugerir “referencialidade” (como nos chamados de alarme dos macacos-vervet, específicos para leopardos, gaviões ou cobras). Mas, embora produzam a resposta de fuga adequada, é possível explicar o processo comunicativo sem supor que cada chamado decorra de – ou produza no ouvinte – uma “representação” do predador indicado. Discutir a relação entre pensamento e linguagem é mais complexo, porque depende de uma definição mais rigorosa de “pensamento”. Se for um “pensamento simbólico”, existe relação com a linguagem. Mas também é preciso definir linguagem. Onde há um elemento “simbólico” na comunicação, tendemos a invocar esse termo num sentido mais “frouxo”.
Especialista consultado
Eduardo Ottoni, Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.