A FAPESP lança, em outubro, edital para a apresentação de pré-projetos para o programa especial Tecnologia da Informação no Desenvolvimento da Internet Avançada (Tidia). O programa quer mobilizar universidades e institutos de pesquisa em torno de projetos relacionados, por exemplo, à engenharia de rede, ao controle de tráfego, às características de fibras ópticas, softwares e desenvolvimento de aplicativos específicos para cada área de conhecimento. “O Tidia vai transformar a Internet em objeto de pesquisa”, diz Luis Fernández López, do Departamento de Informática Médica da Faculdade de Medicina da USP e membro da comissão que coordena o programa. A Fundação deverá investir no mínimo, R$ 10 milhões no programa, que terá duração de cinco anos. Existe também a possibilidade de o Tidia contar com recursos adicionais da Lei de Informática e de empresas privadas.
O primeiro passo será criar, em parceria com o setor privado, uma rede de fibras ópticas com velocidade de até 400 gigabites, ligando, inicialmente, as cidades de São Paulo, Campinas e São Carlos e, posteriormente, outros municípios do Estado. A rede atual possui velocidade de 155 megabites. A nova rede será um test bed, uma espécie de campo de teste, que vai funcionar como um laboratório comunitário para multiusuários, para o desenvolvimento de pesquisas e implementação de redes acadêmicas. O test bed permitirá, por exemplo, a realização de videoconferências em rede multipontos.
Outro objetivo do Tidia é formar especialistas em desenvolvimento de tecnologias para Internet. “Precisamos de gente que conheça rede”, diz Hugo Fragnito, do Instituto de Física da Unicamp e membro da comissão. O ponto de partida é a parceria com empresas privadas, sobretudo as de telecomunicações. Cada companhia poderá participar em área de interesse específico, como acontece nos Estados Unidos, onde a Internet 2 não é só um projeto de rede de alta velocidade, mas também de cooperação com a iniciativa privada. O apoio do governo também é considerado fundamental para o desenvolvimento do projeto. A expectativa é de que o poder público atue como um agente facilitador, autorizando, por exemplo, a utilização dos dutos de fibra óptica que se estendem ao longo das rodovias.
Com o novo programa, a FAPESP consolida sua participação na história da Internet no Brasil. Desde 1989, por meio da rede ANSP, a Fundação desempenha papel pioneiro nessa área. A FAPESP já foi o único e principal link internacional, responsável pelo tráfego acadêmico, e, por solicitação do Comitê Gestor da Internet no Brasil, assumiu a responsabilidade de registrar domínios br. O Programa Genoma, por exemplo, só foi possível porque existia a rede ANSP, desenvolvida pela Fundação. O mesmo ocorre com o Programa Biota, que mapeia a biodiversidade paulista. Com o Tidia, o processo será invertido: de infra-estrutura para a pesquisa, a Internet se tornará, ela própria, objeto de pesquisa.
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