Os oceanos estão repletos de plástico: garrafas, embalagens, sacos e fragmentos de plástico industrial. Quem sofre mais são as aves marinhas, que confundem o lixo flutuante com presas, comem peixes com plástico no sistema digestivo e regurgitam os detritos para seus filhotes. O material não é digerido e pode bloquear o intestino, provocar úlceras e reduzir o volume útil do papo. O oceanógrafo Edison Barbieri, do Instituto de Pesca da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, examinou o conteúdo estomacal de 110 aves marinhas encontradas mortas na Ilha Comprida, no litoral paulista. Encontrou plástico em todas as dez espécies avaliadas, em duas delas – o bobo-pequeno (Puffinus puffinus) e o albatroz-de-sobrancelha (Thalassarche melanophrys) – em quantidade suficiente para atrapalhar a ingestão e a digestão, segundo conta o pesquisador em um artigo publicado nos Brazilian Archives of Biology and Technology. A proporção de animais afetados também assustou, respectivamente, 86% e 73% nas duas espécies. Se a quantidade de plástico que chega ao mar não for reduzida, o problema tende a se tornar cada vez mais grave.
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