Uma conferência sobre câncer realizada em outubro no Science Museum, em Londres, buscou dar visibilidade aos pesquisadores negros no campo da oncologia e ampliar suas oportunidades de carreira. O evento Black in Cancer foi patrocinado pela Cancer Research UK (CRUK), organização filantrópica que financia e produz estudos sobre a doença no Reino Unido. Entre os temas discutidos na conferência, destacaram-se a importância de tornar mais diverso e inclusivo o ambiente de pesquisa em oncologia e de recrutar pacientes que representem diferentes grupos étnicos em estudos sobre o câncer e ensaios clínicos de remédios e novos tratamentos.
“Geralmente, sou o único negro nas salas de conferências científicas de que participo, então esse evento é um desafio à norma”, disse à revista Times Higher Education (THE) o oncologista de origem nigeriana Tanimola Martins, estagiário de pós-doutorado na Faculdade de Medicina da Universidade de Exeter. Ele e Sigourney Bonner, especialista em um tipo raro de tumor pediátrico e aluna de doutorado da Universidade de Cambridge, ajudaram a criar em 2020 um grupo também denominado Black in Cancer, que organizou a conferência.
A CRUK, que investe 500 milhões de libras por ano em pesquisa (o equivalente a R$ 2,9 bilhões), lançou na conferência sua primeira bolsa de doutorado exclusiva para estudantes negros. Só 1% dos candidatos que submetem propostas de bolsas e de projetos à organização são negros. Seus pedidos são avaliados de forma anonimizada para evitar vieses, mas ainda assim as taxas de sucesso são de 13% para candidatos negros e de 24% para brancos. Iain Foulkes, diretor da CRUK, contou à THE que, entre pesquisadores sêniores patrocinados pela agência que lideram grandes projetos, há apenas um negro. “A escassez é enorme”, afirmou.
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