Soluções para os rejeitos de mineração como aqueles que provocaram o acidente em Mariana, da barragem da empresa Samarco, foram apresentadas por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) antes mesmo de ocorrer o problema ambiental que atingiu moradores da região e o rio Doce. Sob a coordenação dos professores Evandro da Gama e Abdias Gomes, eles conseguiram terminar em 2015, antes do desastre ambiental, uma casa com 46 metros quadrados (m2) com produtos originados de rejeitos e estéreis da mineração de ferro. O rejeito é o que sobra do processamento do minério de ferro e o estéril são rochas que ficam junto com o itabirito, a rocha que contém o minério. Os dois são estocados nas barragens. “Tirando telhas, vidros, pisos internos e portas, tudo pode ser feito com os materiais que sobram da mineração”, diz Evandro. “Nós desenvolvemos um forno de calcinação chamado Flex, que calcina a poeira e a transforma em micropartículas que depois serão transformadas em areia, blocos, vigas, pedra e cimento para a construção civil”, explica o pesquisador. Evandro coordena o Laboratório de Geotecnologias e Geomateriais do Centro de Produção Sustentável da UFMG, em Pedro Leopoldo (MG). Evandro garante que o aproveitamento dos rejeitos e dos estéreis tornaria desnecessárias as grandes barragens não só da mineração de minério de ferro como também de bauxita, ouro, fosfato e calcário. Outra vantagem é que o material rejeitado processado e utilizado na construção civil deixa as casas menos quentes e com paredes que absorvem menos água.
Republicar