reproduçãoNos primeiros anos da ditadura militar brasileira diversas instituições desarticuladas pela repressão iniciaram um processo de resistência e oposição ao governo. A resistência cultural foi uma das formas consagradas de oposição exercidas por intelectuais, artistas, professores e produtores culturais que consistiu num fenômeno político e cultural, diz Rodrigo Czajka, da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, no artigo “A Revista Civilização Brasileira: projeto editorial e resistência cultural (1965-1968)”. Político, porque auxiliou no processo de reorganização dos partidos de esquerda e na revisão dos postulados ideológicos do Partido Comunista Brasileiro. Cultural, porque a reorganização deu-se, muitas vezes, no âmbito das produções culturais, no qual as esquerdas constituíram um espaço de contestação e engajamento por meio das artes e atividades intelectuais. Nesse processo é que a Revista Civilização Brasileira (acima, uma edição de 1968) representou um espaço importante para a resistência cultural entre 1965 e 1968. A revista impôs-se com legitimidade política, ao mesmo tempo que participou ativamente na formação de um mercado de bens culturais sustentado pela “hegemonia cultural de esquerda”, afirma o pesquisador.
Revista de Sociologia e Política – vol. 18 – nº 35 – Curitiba – fev. 2010
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