A revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences anunciou que não irá retratar um artigo publicado em 2016 sobre o comportamento de peixes-palhaço (anemonefish), apesar de uma investigação independente feita pela Universidade de Delaware (UD) ter apontado discrepâncias em dados do trabalho e indícios de que eles foram fabricados – e sugerido que fosse invalidado. Em uma nota editorial, os responsáveis pelo periódico informaram terem feito sua própria investigação sobre o caso e não encontraram comprovação de fraude. Isso porque a discrepância dos dados havia sido objeto de uma correção apresentada pelos autores em 2022.
O artigo é um dos 22 trabalhos problemáticos que envolvem estudos da ecóloga marinha Danielle Dixson, da UD, alguns dos quais não puderam ser reproduzidos em novos experimentos feitos por um grupo internacional de pesquisadores. Em agosto passado, um paper do grupo da ecóloga foi retratado pela revista Science (ver Pesquisa FAPESP nº 319). Foi uma resposta à investigação independente da universidade, para a qual Dixson não teve tempo suficiente para realizar os experimentos descritos no artigo e o arquivo com dados brutos do estudo continha duplicações inexplicáveis.
No paper da Proceedings B, as suspeitas eram parecidas. O trabalho sustenta que os peixes-palhaço são capazes de perceber se recifes de corais estão branqueados ou saudáveis, com base em experimentos nos quais os animais são colocados em um aparelho chamado canal de escolha que os força a decidir em que direção nadar. Ela informou que os dados foram coletados em 13 dias, mas precisaria de 22 para concluir a tarefa. A correção que Dixson submeteu à revista tornou a informação plausível: ela informou ter usado duas calhas simultaneamente, dobrando sua capacidade de observação. “Alguns problemas com os dados são mais provavelmente o resultado de erros ou má curadoria de dados, e sua correção não mudaria as conclusões”, informaram os editores.
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