O avanço da pesquisa genômica teve um impacto positivo na evolução dos indicadores da produção científica nacional. Entre 1998 e 2003, o número de artigos sobre o tema, publicados por pesquisadores brasileiros em periódicos científicos internacionais indexados, cresceu 72,4%. Essa evolução, em termos percentuais, só foi comparável ao desempenho dos Estados Unidos e Inglaterra, com larga tradição na investigação sobre o genoma. Na Itália, França e Japão, por exemplo, o ritmo de crescimento das publicações foi muito menor: cresceu entre 37,6% e 44,6%.
Essa evolução foi observada por Rogério Meneghini, coordenador de pesquisa do Laboratório Nacional Luz Síncroton (LNLS) -, e um estudioso da cienciometria – a partir da análise comparativa do desempenho de 11 países no Science Citation Index (ISI) da base de dados do Institute for Scientific Information, divulgada pelo National Science Indicators. A perfomance dos brasileiros supreendeu: em 1998, o Brasil ocupava a última colocação em publicações sobre genômica no ranking desses países. Na época, o destaque era a França. Ele observa, ainda, que a maior parte das publicações brasileiras está relacionada às pesquisas desenvolvidas pela Organização para Sequenciamento e Análise de Nucleotídeos (Onsa), patrocinada pela FAPESP.
Em números absolutos, os Estados Unidos mantêm larga vantagem em relação aos demais países, com mais de 20 mil artigos sobre genômica publicados no ano passado. Inglaterra, Japão e Alemanha disputam a terceira posição, com algo em torno de 4.500 artigos publicados; seguidos pela França, com 3.887; Itália, com 1.565: e Brasil, com 508. Mas o país dá fortes sinais de ter consolidado competência na investigação genômica, conforme analisa Meneghini.
A expectativa é de que o crescimento do número de publicações também se reflita no número de citações, um outro indicador geralmente utilizado para medir o vigor da atividade de pesquisa de um país. A conclusão do sequenciamento da bactéria Xylella fastidiosa, por exemplo, publicada da revista Nature, em julho de 2000, já soma 200 citações, segundo contabilizou Meneghini. “Esse é um número significativo, dado o curto espaço de tempo”, ele ressalva. E o sequenciamento e a comparação dos genomas de outras duas bactérias, a Xanthomonas citri e a Xanthomonas campestri, também publicados pela Nature, em maio de 2002, tiveram grande repercussão entre os pesquisadores e já contam com 60 citações.
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