Crianças das regiões Norte e Nordeste do Brasil têm mais cáries e perdem mais dentes do que as que brincam pelo Sul e Sudeste. E não adianta lhes dizer que escovem melhor os dentes. Um estudo feito por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná e da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Campinas, em Piracicaba, e publicado em abril na revista BMC Oral Health, mostrou que o problema maior sai das torneiras: água sem flúor. Organizações de saúde internacionais indicam a fluoretação da água tratada – recomendação que no Brasil foi adotada em 1974 por uma lei federal. Porém um levantamento que amostrou 246 municípios do país todo deixa claro que a implementação da medida não foi homogênea. No Norte e no Nordeste 89,8% dos municípios não têm flúor adicionado à água, uma região que coincide com carência social. Já em áreas mais privilegiadas boa parte dos municípios tem água fluoretada, alguns desde os primeiros anos da iniciativa. Para a equipe, os resultados mostram que a desigualdade não se limita à distribuição de recursos econômicos e esperam chamar a atenção para a necessidade de estender iniciativas de saúde pública para as regiões mais pobres.
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