
A novidade é que esses escritórios, além de ajudarem na compra de insumos e na prestação de contas, começam a oferecer novos serviços. Alguns se dedicam a prospectar oportunidades de financiamento em editais e chamadas de propostas, ajudando os pesquisadores também a levantar recursos. Outros dão suporte não só para os projetos, mas também para os bolsistas. “Esses escritórios estão se disseminando e alguns já fornecem um apoio bastante sofisticado”, diz Marcia Regina Napoli, responsável pela Gerência de Apoio, Informação e Comunicação (Gaic) da Diretoria Administrativa da FAPESP, que coordena o programa desde 2010.
Um exemplo é o Escritório de Apoio Institucional ao Pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, que mantém dois funcionários trabalhando tanto no suporte a quem pretende submeter um projeto de pesquisa a agências quanto na fase posterior à obtenção dos recursos, auxiliando na compra dos insumos, prestação de contas e até mesmo ajudando a publicar os resultados em revistas científicas. Vinculado ao Hospital Israelita Albert Einstein, o instituto dispõe de laboratórios organizados em core facilities, um biotério acreditado pela Association for Assessment and Acreditation of Laboratory Animal Care Internacional (AAALAC) e um centro de pesquisa clínica onde são realizados estudos científicos por 23 pesquisadores contratados, 42 docentes do programa de pós-graduação acadêmica e mais de 200 médicos de seu corpo clínico envolvidos em pesquisa. Desde sua criação, em meados de 2012, o escritório já ajudou a submeter 67 projetos de pesquisa. A taxa de aprovação de projetos submetidos chega a 61% do total – e a captação de recursos oriundos de agências de fomento cresceu 323% entre 2012 e 2013.
Na chamada fase pre-award, o trabalho tem várias frentes. Diariamente, a equipe rastreia chamadas de projetos e editais lançados no Brasil (por meio da visita a sites de agências) e no exterior (através de um serviço pago) e informa por e-mails os pesquisadores da instituição que podem ter algum interesse. “Esse mapeamento de oportunidades é a primeira coisa que fazemos no dia”, diz Aline Pacífico Rodrigues, coordenadora de projetos de pesquisa do escritório. Quando surge um interessado, Aline e sua equipe marcam uma reunião para orientá-lo. “Às vezes, precisamos alinhar com o pesquisador as suas expectativas sobre o financiamento. Alguns querem, por exemplo, que as agências financiem serviços ou exames. Explicamos que é mais fácil obter recursos para pagar insumos, comprar equipamentos e contratar serviços pontuais de terceiros”, diz. “Mas sempre buscamos oferecer alguma saída para ele e nunca fechamos portas.”

A equipe da Gaic, da FAPESP, que oferece treinamento a funcionários e faz visitas periódicas aos escritórios em implantação, observou que o tipo de serviço oferecido por eles é desigual – e há casos de instituições que não conseguiram tirar a ideia do papel. “Notamos que os escritórios mais bem estruturados são aqueles vinculados a unidades cujos diretores apostam no sucesso da iniciativa e se envolvem diretamente nela”, diz Marcia Regina Napoli, da Gaic.
O Centro de Apoio a Projetos (CAP), vinculado à Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto da USP, foi criado em maio deste ano e já se dedica à administração de 12 projetos de pesquisa, contemplados com cerca de R$ 10 milhões. A criação do escritório fez parte da plataforma de campanha da diretora da faculdade, Maria Vitória Bentley, que assumiu o cargo em janeiro. “Realoquei dois funcionários, um com formação em contabilidade e outro graduado em ciências da informação, para estruturar o escritório”, conta ela, que se inspirou numa experiência bem-sucedida, a do Centro de Gerenciamento de Projetos (CGP) da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (ver Pesquisa FAPESP nº 203). Para ajudar no trabalho, foi adquirido um software de gerenciamento financeiro, customizado conforme as necessidades e perspectiva de atuação do CAP. A equipe atua articulada com o setor de compras e a tesouraria da faculdade, auxiliando nos processos de importação pela USP, FAPESP e Importa Fácil do CNPq. Também auxilia docentes e secretárias a realizarem a prestação de contas de projetos e propostas de orçamentos segundo normas das agências e da universidade, atuando como um setor de informação. “Nosso próximo passo é aperfeiçoar a estrutura e começar também a prospectar oportunidades”, diz a professora. Por enquanto, o escritório cuida apenas dos projetos cujos termos de outorga foram assinados após sua criação, entre os quais dois temáticos, reserva técnica institucional da FAPESP e projetos de cooperação internacional, além de alguns financiados pelo CNPq, Finep e USP. Esse número, espera Maria Vitória, vai aumentar. A unidade submeteu duas propostas ao programa dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia e está em vias de assinar um acordo com o BNDES.

Há cerca de três anos, a Universidade Estadual Paulista (Unesp) determinou a criação de seções de apoio a pesquisadores em cada um de seus 22 campi espalhados pelo estado. O Escritório Regional de Apoio à Pesquisa e à Internacionalização (Erapi) da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac), em Bauru, é um dos mais articulados. Lançado em 2012, viu um crescimento de 72% nas solicitações de auxílio à pesquisa e 66% em pedidos de bolsas. “Chegamos a responder a 200 solicitações de informação por semana”, diz Angélica Parreira Lemos Ruiz, diretora técnica acadêmica da Faac. Ela comanda a equipe de dois funcionários, responsável por apoiar aproximadamente 105 docentes, 400 alunos de pós-graduação e 1.580 de graduação. “Tudo passa por nós, como pedidos e prestações de conta de bolsas, auxílios à pesquisa, uso de reserva técnica, busca de orçamentos. Orientamos propostas, colhemos as assinaturas dos pesquisadores e acompanhamos os processos”, diz Angélica. Um banco de dados com informações sobre pesquisadores e projetos foi criado para monitorar o desempenho do escritório, cuja criação inspirou-se em exemplos como o do Erapi do Instituto de Química de Araraquara, que existe desde os anos 1980. “Acreditamos que, nos próximos cinco anos, nossas estatísticas vão melhorar bastante, estimulando a pesquisa e a produção do conhecimento de qualidade na nossa instituição”, afirma.
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