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Carta dos editores | 344

Uma revista a serviço da ciência brasileira

Em outubro de 1999, Notícias FAPESP, um informativo focado nas ações da Fundação, foi transformado na revista Pesquisa FAPESP, que hoje comemora 25 anos, ampliando grandemente seu escopo.

Dois anos antes, um de nós (JFP), então diretor científico, fora recebido na sede do jornal Folha de S.Paulo pelo seu publisher, Octavio Frias de Oliveira, a quem teve oportunidade de apresentar a Fundação; ele ficou encantado com a missão da FAPESP e a amplitude das atividades financiadas, com seus custos administrativos tão baixos e, em particular, com o próximo lançamento do programa de apoio à inovação em pequenas empresas, o Pipe, hoje um grande sucesso. Ao final, “seu Frias” (como ele gostava de ser chamado) emitiu seu juízo: “Se vocês são tão bons assim, são muito ruins de marketing”. Pegos de surpresa, os visitantes concordaram com aquele julgamento, pois uma agência que recebe 1% da receita tributária do estado tem obrigação de mostrar aos contribuintes o que é feito com esses recursos tão expressivos.

Foi uma mudança radical, que não se limitou ao formato e ao ambicioso projeto editorial da nova revista. Nas palavras da diretora de redação à época, Mariluce Moura: “Entendemos que Pesquisa FAPESP tem um vasto potencial para aproximar mais o mundo da pesquisa da opinião pública paulista, e mesmo nacional, porque está vocacionada para ser uma publicação de referência para a mídia”, previsão que se concretizou plenamente, pois transformou-se em “fonte privilegiada de pautas, de consultas e de matérias para as editorias de ciência de jornais, revistas, emissoras de rádio e TV e agências de notícias”.

Com uma tiragem mensal de 28 mil exemplares impressos, ampla circulação na comunidade científica, está também disponível na internet, com um acesso crescente: de 350 mil em julho de 2023 para 1 milhão de acessos em julho do presente ano. É citada em média uma centena de vezes por mês, na imprensa, e cerca de 60 vezes por ano em órgãos de outros países.

Ressalte-se, adicionalmente, seu impacto educacional. Participa da midiateca digital co.educa, parceria da FAPESP, da Fundação Roberto Marinho e do Canal Futura, ferramenta para estudantes e professores para uso na sala de aula do ensino secundário, que registrou 31 mil acessos entre março e setembro de 2024. Todo o acervo da revista integra o sítio digital Centro de Memória da FAPESP, incluindo as edições internacionais (em inglês, francês e espanhol).

Examinar essa coleção permite identificar os grandes marcos da ciência e do ensino superior do estado neste quarto de século: a) o sequenciamento da Xylella, que revolucionou a pesquisa biológica no país, capitaneada pela FAPESP; b) a história da concepção e construção do Sirius, orgulho da ciência nacional; c) integridade na pesquisa, a partir do movimento pioneiro da FAPESP de fomentar no Brasil o debate sobre ética na pesquisa; d) a Amazônia e as mudanças climáticas, tópicos sistematicamente cobertos pela revista nos últimos decênios; e) o risco das epidemias, o impacto da pandemia causada pelo vírus Sars-CoV-2, a zika e seu papel na microcefalia; f) e a inclusão social e étnica no ensino superior, novas formas de acesso, avaliação de seus impactos e desafios de sua implementação.

A relevância crescente da revista representa uma contribuição importante, no panorama nacional, ao combate do negacionismo irracional quanto ao valor da ciência e do conhecimento.

José Fernando Perez, diretor científico entre 1993 e 2005, Marco Antonio Zago, presidente da FAPESP

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