BOTANICAL.COMA crença de que medicamentos à base de plantas são isentos de riscos à saúde faz parte da bagagem cultural da população afeita ao seu uso: “O que vem da terra não faz mal”. No entanto, o potencial tóxico, as características específicas do usuário, a possibilidade de contaminação e a falta de regulamentação constituem fatores de risco para a ocorrência de reações adversas, intoxicações e outras complicações decorrentes de seu uso. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas com 20 raizeiros (vendedores de ervas in natura) na cidade de Diadema (SP) e relatados 40 casos de problemas relacionados ao uso de 22 espécies de plantas medicinais. As espécies mais citadas foram Luffa operculata (buchinha), com 7 casos, Senna alexandrina (sene), 4 casos, e Paullinia cupana (guaraná), 3 casos. Dentre os sinais e sintomas relatados, os mais frequentes foram relacionados ao sistema nervoso central, problemas gastrointestinais e cardiovasculares. Os entrevistados também relataram um caso de aborto relacionado ao uso de S. alexandrina e três casos de óbito após a ingestão do chá do fruto de L. operculata. O caráter “natural” das plantas medicinais não é sinônimo de ausência de riscos para a população usuária. É necessária a implantação de políticas de fitofarmacovigilância eficientes, a fim de tornar o consumo mais racional e, deste modo, minimizar os riscos à população usuária. O estudo foi publicado no artigo ” ‘O que vem da terra não faz mal’: relatos de problemas relacionados ao uso de plantas medicinais por raizeiros de Diadema/SP”, de Juliana Lanini, Joaquim M. Duarte-Almeida, Solange Nappo e Elisaldo A. Carlini, do Departamento de Psicobiologia, Universidade Federal de São Paulo.
Revista Brasileira de Farmacognosia – vol. 19 – nº 1 – João Pessoa – jan./mar. 2009
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