Pesquisa FAPESP traz encartado nesta edição um presente para seus leitores: o mapa do verde em São Paulo. É um pôster, tamanho 80 x 52 centímetros, que mostra a vegetação remanescente no Estado de São Paulo. E ainda que possam chocar os olhares mais sensíveis os vastos claros na primitiva – e a essa altura só imaginada – cobertura vegetal do estado, na verdade, o mapa é anunciador de uma excelente notícia: a área verde em São Paulo está crescendo, ainda que lentamente. É a primeira vez, desde a chegada dos colonizadores europeus a essas terras ao sul do Equador, que se registra uma inversão na tendência de desmatamento nestas plagas. Os paulistas e todos os brasileiros que se preocupam com as contribuições nefastas do país ao amplo rol de ameaças perpetradas todos os dias, no mundo inteiro, contra a saúde do planeta, podem, neste caso, comemorar.
De nossa parte, estamos comemorando não só a boa notícia como a própria publicação do mapa, um dos produtos do programa Biota-FAPESP. Ela resulta da cooperação e do esforço concentrado de muita gente. Em particular, da equipe de pesquisadores do Instituto Florestal, Francisco Kronka à frente, que coordenou a elaboração do mapa, cuidou de transferi-lo para uma linguagem que facilitasse sua publicação pela revista, acompanhou sua finalização na redação de Pesquisa FAPESP e, não bastasse isso, empenhou-se na procura de parceiros que viabilizassem financeiramente sua impressão e veiculação sem ônus adicional para a revista. Mas há que se reconhecer aqui também o esforço da própria equipe da revista e o apoio das empresas privadas que patrocinaram esse presente para nossos leitores. Em tempo, a coordenação da reportagem que detalha aquilo que sinteticamente o mapa permite visualizar, é do editor Carlos Fioravanti.
Na reportagem de capa desta edição, enfocamos uma pesquisa cujos resultados, se cedêssemos à tentação fácil das transposições mecânicas, se mostrariam alarmantes para nós, humanos. É que pesquisadores paulistas e gaúchos, que trabalham conjuntamente num projeto de pesquisa sobre o sistema reprodutor feminino, observaram que o estresse provocado em filhotes de animais de laboratórios por breves períodos de separação da mãe, nos dias seguintes ao parto, produz danos cerebrais irreversíveis nos ratinhos recém-nascidos e desencadeia um quadro de infertilidade em grande parte desses animais, durante a vida adulta. Como observa o repórter especial Marcos Pivetta, autor da reportagem, seria temerária, aqui, a comparação simplista entre ratos e homens – mas, guardadas as necessárias distâncias, não inteiramente desprovidas de lógica. E tanto é assim que uma das linhas de estudo dos pesquisadores envolvidos no projeto procura medir possíveis efeitos negativos da pouca interação entre mães com depressão pós-parto e seus filhos recém-nascidos, situação que pode guardar alguma semelhança com a experiência de manipulação neonatal dos ratos.
Ainda nos domínios da ciência, esta edição traz uma reportagem comum balanço do projeto Genoma Cana, aproveitando a oportunidade de publicação na Genome Research, nos próximos dias, do artigo científico que descreve as funções dos principais grupos de genes da planta, dentre um conjunto identificado de 33 mil.
Para concluir, na área de tecnologia destacamos a reportagem sobre as mais diversas próteses feitas com um biopolímero de mamona desenvolvido por pesquisadores paulistas, que agora, certificado pela Food and Drug Administration, a poderosa FDA dos Estados Unidos, deve ganhar o mercado internacional.
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