Fontes: CNPQ, Capes, Finep, FAPESP, MCT, IBGE e outros
Composta por 12 capítulos, a obra tem quase 900 páginas. É a terceira vez que a FAPESP lança os Indicadores, um programa que responde a um dos objetivos da Fundação que é o de “promover periodicamente estudos sobre o estado geral da pesquisa em São Paulo e no Brasil, identificando os campos que devam receber prioridade de fomento”, como está descrito nos seus estatutos. “É nesse contexto que se insere a publicação destes Indicadores, que se constituem instrumento de grande valia para formular e avaliar as políticas públicas relativas à ciên-cia e à pesquisa tecnológica”, escreveu o presidente da FAPESP, Celso Lafer, na apresentação da obra. “Uma equipe de 69 especialistas, entre coordenadores, pesquisadores e auxiliares de pesquisa, fez um trabalho excepcional, levantando e qualificando cuidadosamente os dados usados a partir de fontes frequentemente heterogêneas, e realizando um trabalho analítico detalhado e preciso”, diz o diretor científico da FAPESP, Carlos Henrique de Brito Cruz. “Cada capítulo foi lido e criticado pelos 36 assessores técnicos e debatido em sucessivas versões com a equipe de coordenação executiva, liderada pelo professor Wilson Suzigan”, completa.
fontes: ocde e fapesp
Indicador de mudança – O estado de São Paulo contava com quase 63 mil pesquisadores em 2008, contingente 66% maior do que o estimado para 1995. Uma novidade é a ampliação das oportunidades de trabalho no setor privado. Embora as instituições de ensino superior abriguem grande parte desse contingente (42%), foi o número de pesquisadores empregados em empresas que mais cresceu no período (96%), fazendo sua participação no total passar de 45% em 1995 (com 17.133 pesquisadores) para 53% em 2008 (com 33.528). “A constatação de que as próprias empresas estão ampliando seus contingentes de pesquisadores é, em si, indicador de mudança importante do comportamento empresarial, que, ao que tudo indica, começa a considerar inovação tecnológica como elemento importante de suas estratégias de concorrência e crescimento”, informa o texto. Considerando o número de pesquisadores por milhão de habitantes, a situação de São Paulo é ligeiramente superior à da China, Argentina, México e do total do Brasil, mas é inferior à de nações com os quais o país precisa competir, caso da Espanha, Rússia e Coreia do Sul. “É fundamental uma estratégia para que o número de pesquisadores no estado de São Paulo aumente substancialmente nos próximos anos. (…) Para o caso do Brasil, o desafio é maior ainda”, conclui.
fontes: ocde e fapesp
Os destaques no capítulo sobre a educação básica, coordenado pela economista Vera Lúcia Cabral Costa, diretora da Escola de Formação de Professores da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seesp), foram a consolidação da inclusão da população mais pobre nos sistemas escolares do estado e do país e a persistência dos baixos resultados de aprendizagem. Na década passada, as matrículas do ensino fundamental se estabilizaram em torno de 6 milhões de alunos no estado de São Paulo. A escolarização de crianças com idade entre 7 e 14 anos alcançou índice de 98,8% em São Paulo e de 97,6% no Brasil em 2006. Entre os que frequentam a pré-escola (5 e 6 anos) foi de 90,8% em São Paulo e de 84,6% no Brasil. A taxa de analfabetismo brasileira, que em 1998 era de 13,8%, passou a 10,4% em 2006. No estado de São Paulo reduziu-se de 6,6% para 5% no período.
Os resultados de aprendizagem no ensino básico evoluíram pouco, com melhora nas primeiras séries do ensino fundamental. Na 4ª série do ensino fundamental, por exemplo, o estado de São Paulo apresentou o terceiro melhor valor do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) na federação, ampliando-o de 4,7 em 2005 para 4,9 em 2007. Os progressos são atribuídos a uma combinação de resultados positivos nas taxas de aprovação e no desempenho dos alunos nas avaliações. Já no âmbito internacional esse movimento não é perceptível. Desde 2000, o Brasil participa de uma das mais importantes avaliações internacionais, o Pisa (Programme for International Students Assessment), conduzido pela OCDE. As provas são realizadas a cada três anos e abrangem os domínios de leitura, matemática e ciências. Nas avaliações de 2000, 2003 e 2006, o Brasil amargou as últimas colocações e, na maioria dos anos, abaixo até de outros países da América Latina, como Chile, México e Uruguai. O país se destaca em relação aos demais participantes do Pisa por apresentar as maiores diferenças de desempenho dos alunos da rede privada e os da rede pública, de cerca de 30% a favor da escola particular em todas as áreas avaliadas.
Fontes: CNPQ, Capes, Finep, FAPESP, MCT, IBGE e outros
Entre 1999 e 2006, a taxa bruta de matrículas no ensino superior no Brasil aumentou de 11,2% para 19,3%, o que representou crescimento de 72%. No estado de São Paulo, as taxas foram mais elevadas, passando de 15,4% em 1999 para 24,4% em 2006, mas o aumento foi menor (58%). No Brasil, o número de egressos do ensino médio em relação ao total de vagas oferecidas no ensino superior passou de 1,72 concluinte por vaga em 1999 para 0,8 em 2006, com o número de oportunidades passando a ser maior do que o de candidatos. O excesso de vagas se deve ao crescimento do setor privado, no qual a relação, que era de 2,27 em 1999, passou a 0,91 em 2006. São Paulo, no ensino superior público, oferecia uma vaga para cada grupo de 14,2 concluintes do ensino médio em 1999 e uma vaga para cada 8,54 em 2006.
fontes: ibge, pnad
Na pós-graduação, um dos problemas é a saturação da capacidade de instituições estaduais, como a USP e a Unicamp, de ampliar o número de alunos. Em 2008, a USP formou 2.265 doutores. Como tem 5,4 mil professores, a relação entre doutorandos e docentes é de 0,42. Na Unicamp esse coeficiente é de 0,43, com 748 doutores titulados em 2008 e 1.743 professores. Em universidades norte-americanas, o índice é menor. Em Stanford e no Massachusetts Institute of Technology, chega a 0,34. Na Universidade da Califórnia, Berkeley, a 0,40. A expansão da formação de doutores em São Paulo, observa o capítulo, depende principalmente das instituições privadas e federais.
A série histórica da Pesquisa de Inovação Tecnológica (Pintec), feita a cada três anos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, dá lastro ao capítulo sobre a situação da inovação em São Paulo produzida no livro sob a coordenação do economista André Tosi Furtado, professor da Unicamp. A análise dos dados mostra que as empresas multinacionais eram responsáveis em 2005 por mais de 44% da P&D industrial brasileira, uma das mais altas proporções do mundo. Essa participação era ainda maior no estado de São Paulo, onde ultrapassava os 56%. A maioria das empresas industriais brasileiras, observa Furtado, mantém uma postura relativamente passiva, dando importância ainda restrita à adoção de inovações. “Poucas empresas estabelecem vínculos de cooperação com outras empresas ou com universidades e institutos de pesquisa”, informa. A aquisição de máquinas é ainda o principal esforço inovativo das empresas brasileiras e paulistas, ao contrário das empresas dos países europeus, em que esses recursos se concentram em atividades internas de P&D, capazes de resultar em inovações originais.
Fontes: Thomson Reuters (2008). Science Citation index expanded e Social Science citation index via web of Science
Um campo em que pouca coisa mudou é o das patentes. A posição do Brasil no ranking de patentes depositadas no escritório dos Estados Unidos (Uspto) permanece no mesmo patamar há três décadas. Em 1974, o Brasil ocupava a 28ª posição. Passou ao 25º lugar em 1982, caiu para o 27º em 1990 e regrediu à 29ª posição em 1998, na qual permanecia em 2006. Em números absolutos, foram depositadas 44 patentes com primeiro inventor residente no Brasil em 1974, ante 341 em 2006. O capítulo 5 dos Indicadores, coordenado por Eduardo da Motta e Albuquerque, professor de economia da Universidade Federal de Minas Gerais, observa que a estabilidade dos últimos anos exigiu um esforço do país que não deve ser menosprezado, uma vez que países como a Rússia, o México e a África do Sul perderam posições no período. Mas ressalta que a mera manutenção da posição no ranking mundial de patentes “não deve ser uma meta de política pública para um país que ainda não superou a barreira histórica do subdesenvolvimento”. A liderança de São Paulo em depósitos de patentes no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) manteve-se no período de 1980-2005, com 49,5% do total brasileiro. Nesse período, a liderança coube à Petrobras, com 804 depósitos, seguida pela Unicamp, com 408. Na década de 1990 cresceu bastante o peso das instituições de ensino e pesquisa no esforço de proteção à propriedade intelectual – a USP, a UFMG e o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) também aparecem entre os líderes. Essa característica revela imaturidade do sistema de inovação brasileiro – em países desenvolvidos, patentes são obtidas majoritariamente por empresas, não por universidades públicas. “Infelizmente, o papel das instituições de ensino e pesquisa no patenteamento é ampliado pela timidez do patenteamento de empresas. (…) A timidez deve servir como um alerta para a necessidade de políticas industriais e tecnológicas mais audazes, dada a necessidade de ampliação expressiva do envolvimento de empresas com atividades inovativas”, afirma o estudo.
fonte: inpi
Ocupações tecnológicas – O capítulo sobre a dimensão regional das atividades de CT&I no estado de São Paulo mostra uma concentração de ocupações tecnológicas (80,7% do total) e técnicas (74,8%) em 10 microrregiões: capital, Campinas, Osasco, São José dos Campos, Sorocaba, Guarulhos, Santos, Ribeirão Preto, Mogi das Cruzes e Itapecerica da Serra. A Região Metropolitana de São Paulo tem participação relativa reduzida nas chamadas ocupações operacionais, indicador da transferência de fábricas para o interior e outras regiões do país, enquanto concentra laboratórios de pesquisa e as estruturas gerais de gestão das empresas. Dados regionalizados da Pintec mostram que a Região Metropolitana responde por mais de 50% das empresas inovadoras no estado e quase 20% das do Brasil. O mapeamento revela outros dois fenômenos. Um deles é a importância de regiões no interior do estado, como Campinas e São José dos Campos, que se localizam próximas à Região Metropolitana e também apresentam atividade destacada de CT&I, com a presença de empresas locais inovadoras e boas universidades. O outro está relacionado com regiões no interior do estado de São Paulo que apresentam indicadores de CT&I menos expressivos. Ao comparar os dados recentes com os de edições anteriores dos Indicadores, observou-se crescimento da qualificação da mão de obra e do número de instituições de formação de mão de obra de nível tecnológico, técnico e de aprendizagem industrial. “Essa evolução pode criar oportunidades para a criação e a difusão de novos conhecimentos em apoio aos processos inovativos nas empresas”, informa o capítulo, coordenado por Renato de Castro Garcia, professor da Poli-USP.
fonte: ministério do trabalho e emprego, rais 2006
A colaboração científica internacional brasileira no período cresceu 30,4%, quando se contabilizam as publicações em coautoria com estrangeiros, mas contribuiu de maneira decrescente para o total da publicação brasileira, de 33,1% em 2002 para 30% em 2006. Já a colaboração entre estados cresceu 79,4% no período. Embora o número de citações recebidas pela produção brasileira indexada ainda seja relativamente pequeno, houve um crescimento expressivo entre 1990 e 2003, passando de 0,16% para 0,55% do total das citações mundiais. No grupo de países com produção científica entre 2% e 5% do total mundial, as publicações do Canadá apresentaram elevado patamar de citações desde 1990 até 2003, mas elas foram decrescentes no período (de 4,2% a 3,7% das citações mundiais). As publicações da Espanha, Austrália e Índia tiveram citações crescentes, assim como a Coreia do Sul, que em 1990 recebeu citações para suas publicações bem inferiores às do Brasil (0,06% ante 0,16%), mas em 2003 alcançou o valor 0,94%, quase o dobro do alcançado pelo Brasil.
fonte: pintec 2005
Uma novidade é que a oferta de dados sobre ciência e tecnologia em São Paulo organizados pela FAPESP vai aumentar. “A partir do segundo semestre de 2011 a FAPESP passará a acompanhar os indicadores de dispêndio, de pessoal, de publicações e de patentes de forma muito mais frequente, incluindo a publicação de um boletim mensal destacando os pontos de maior impacto para as estratégias para C&T em São Paulo. Além disso, anualmente será publicada uma sinopse dos dados”, diz Carlos Henrique de Brito Cruz.
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