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Jardim Botânico RJ

Jardim Botânico do Rio de Janeiro se torna internacional

Registros do herbário estão disponíveis em banco de dados que reúne maiores coleções do mundo

Mapa dos registros do Jardim Botânico do Rio de Janeiro no GBIF

GBIF Mapa dos registros do Jardim Botânico do Rio de Janeiro no GBIFGBIF

Mais do que um deslumbrante parque fundado no século XIX, o Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) agora está alojado junto aos principais museus internacionais. É a primeira coleção biológica brasileira a compartilhar os dados de seu herbário na Global Biodiversity Information Database (GBIF), um portal que agrega alguns dos maiores museus zoológicos e botânicos do mundo, como o Museu de História Natural de Nova York, nos Estados Unidos, e o Jardim Botânico Real de Kew, na Inglaterra. “Não é apenas o esforço de uma instituição, é um movimento em que o Brasil se engajou”, conta o biólogo Eduardo Dalcin, Coordenador do Núcleo de Computação Científica e Geoprocessamento do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

É um movimento importante ao qual os pesquisadores brasileiros tiveram alguma resistência nos últimos anos. “Ainda é polêmico”, conta Dalcin, “tornar públicos dados sobre espécies nacionais, ameaçadas de extinção ou com interesse econômico”. Vencendo a resistência e abraçando o que ele caracteriza como “uma nova visão da ciência de compartilhamento de dados”, o JBRJ não deixa de tomar cuidado com as espécies de interesse comercial. Estas não têm latitude e longitude inseridas no banco de dados e não aparecem no mapa do GBIF. Mas outros dados de mais de meio milhão de registros estão lá e podem ser encontrados por meio de busca. “Não vamos dar indicações precisas de onde há florestas desenvolvidas de mogno”, exemplifica o biólogo.

De maneira geral, a grande importância de um banco de dados coletivo é a possibilidade de busca integrada. Ao procurar, por exemplo, registros de Caesalpinia echinata (o pau-brasil), o banco informa conter 385 registros, a maior parte na mata atlântica. Desses espécimes, 35 estão no Rio de Janeiro e 34 em Kew. Além da localização no mapa, é possível saber em que data a amostra foi coletada, onde, por quem, e o número de registro na coleção. Essa possibilidade de reunir seus dados ao maior número possível de instituições levou o JBRJ a dar o passo para o GBIF, mas não foi a primeira iniciativa coletiva do herbário carioca. “Desde 2004 estávamos no SpeciesLink do Centro de Referência em Informação Ambiental (Cria)”, conta Dalcin, “que reúne várias coleções brasileiras”.

Esse ponto de partida permitiu que o JBRJ agisse depressa assim que o Brasil firmou o acordo multigovernamental de adesão ao GBIF, no ano passado. A iniciativa nacional está sendo gerida pelo Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr), um projeto do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação. Do ponto de vista computacional, o nó brasileiro do GBIF estará alojado no Laboratório Nacional de Computação Científica, o LNCC, que está fazendo os ajustes necessários para lançar o portal nacional que deverá reunir outras coleções.

Dalcin considera que o acesso público aos dados é não só uma obrigação (“os dados sob a guarda da instituição precisam ser devolvidos à sociedade”), mas também um recurso valiosíssimo para estudos de conservação. Integrado a esse esforço, ele também cita esforços coletivos como a lista da flora brasileira, elaborada nos últimos anos com participação de cerca de 400 botânicos, e o catálogo da fauna que começa a ser reunido agora. “Em alguns anos pretendemos ter disponível o catálogo da vida do Brasil.” Um projeto ambicioso que dependerá do trabalho conjunto de botânicos, zoólogos e especialistas em gerenciamento de informação, entre outros.

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