Pesquisadores da Bahia conseguiram produzir tubos microscópicos de ouro usando como molde espécies de fungo que crescem em plantas da lagoa do Abaeté, área de proteção ambiental ameaçada pela expansão urbana em Salvador. Com permissão das autoridades ambientais, a equipe do químico Marcos Malta, da Universidade Federal da Bahia, coletou caules, folhas e raízes de plantas do Abaeté e, em laboratório, isolou três espécies de fungos filamentosos que cresciam no interior dos vegetais. Em seguida, os fungos foram cultivados por dois meses em soluções contendo diferentes concentrações de um sal – o citrato, usado como fonte de nutriente – e nano-partículas de ouro. Por mecanismos ainda não entendidos, as nanopartículas de ouro aderem à superfície externa da parede celular do fungo, criando uma carapaça. Ao final do período, os pesquisadores submeteram os fungos a uma secagem que preserva a forma desses microrganismos, antes de eliminar a parte orgânica por calcinação. O resultado foram tubos ocos e porosos com alguns micrômetros de extensão que imitam a forma dos fungos (Biomaterials Science, março de 2014). O fato de os tubos serem ocos e porosos aumenta a superfície de contato, algo importante em reações eletroquímicas em que o ouro funciona como eletrodo de alta área superficial. “Essa estratégia”, acredita Malta, “pode reduzir a quantidade de ouro necessária para produzir esse tipo de eletrodo”.
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