O Prêmio Nobel de Literatura de 2015 foi concedido à escritora Svetlana Alexievich, nascida na Ucrânia e criada na Bielorrússia. O anúncio foi feito pela Academia Sueca nesta quinta-feira (8), em um pronunciamento que atribuiu o prêmio “a seus escritos polifônicos, um monumento ao sofrimento e à coragem em nosso tempo”. Nenhuma das obras da escritora foi publicada no Brasil.
Os livros de Svetlana, de 67 anos, falam de pessoas que lutaram em guerras como a do Afeganistão ou das vítimas do acidente da usina nuclear de Chernobyl, ocorrido na Ucrânia em 1986. Sua irmã morreu e sua mãe ficou cega em consequência do acidente. Tanto a Ucrânia, onde a escritora nasceu, quanto a Bielorrússia eram repúblicas da União Soviética. Svetlana escreve em russo e não no idioma bielorrusso, no qual foi criada. “Por um lado, é uma sensação fantástica, mas, por outro, é perturbador”, declarou ela por telefone à emissora de televisão sueca STV sobre ter sido distinguida com o prêmio.
Esta foi uma das raras vezes em que o prêmio foi concedido a um autor de obras de não ficção. Anteriormente, já haviam sido premiados o filósofo Bertrand Russell (1950) e o primeiro-ministro britânico (1953) Winston Churchill (por suas memórias), mas esta é a primeira vez que a Academia distingue uma autora próxima ao jornalismo, que ela estudou na Universidade de Minsk, na Bielorrússia. Para escrever o livro Vozes de Chernobyl: a história oral de um desastre nuclear (1997) ela ouviu mais de 500 pessoas. Mesmo assim, a academia preferiu afirmar que Svetlana “inventou um novo gênero”. Ela mesma nega que faça jornalismo em seus livros, recusando-se a classificá-los.
Outros livros importantes da autora, que é a 14ª mulher a ganhar o Nobel de Literatura, são Zinky boys, sobre os combatentes soviéticos no Afeganistão, e A guerra não tem rosto feminino, relativo as mulheres que serviram no Exército Vermelho na Segunda Guerra Mundial.
Svetlana é uma crítica constante do governo autoritário da Bielorrússia, um dos motivos pelos quais ela vive em trânsito por cidades da Europa Ocidental, embora afirme que só consegue escrever em Minsk. Com o prêmio, ela ganha 8 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1 milhão). Ela disse que, com esse dinheiro, pretende poder dispor de mais tempo para escrever e que espera que o prêmio lhe dê visibilidade suficiente para impedir perseguições políticas.
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