Imprimir PDF Republicar

Carreiras

A luta pela visibilidade

Divulgar um artigo científico é tão importante quanto publicá-lo

096-097_Carreiras_240-01A possibilidade de aumentar a ressonância das produções científicas de modo a alcançar um público mais amplo tem feito com que muitos pesquisadores adotem as mídias sociais como ferramenta de divulgação de seus estudos. Não por acaso, a integração dessas plataformas à rotina do trabalho em laboratório é crescente, em parte porque elas permitem identificar o alcance e a influência dos artigos por meio da análise de menções em sites, redes sociais, número de downloads e de compartilhamentos no Twitter e Facebook. Hoje, 13% dos cientistas do mundo usam o Twitter como plataforma para a divulgação e discussão de estudos científicos, segundo um artigo publicado pela revista científica PLoS One (ver Pesquisa FAPESP nº 221).

“Diferentemente dos Estados Unidos, a maioria dos cientistas brasileiros ainda não entende por que deve divulgar seus trabalhos e, por isso, não se preocupa em atrair leitores para seus artigos, que acabam se perdendo em meio a milhares de outros publicados todos os dias”, diz o biólogo Átila Iamarino, do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) e um dos criadores da rede de blogs científicos ScienceBlogs Brasil.“Outros veem com desconfiança aqueles que usam ferramentas digitais para promover suas produções; contentam-se com a publicação em revistas especializadas, sem enviá-las a bibliotecas, jornalistas ou até mesmo a colegas de outros departamentos.” Ao notar essa dificuldade, o site de difusão de informações científicas SciDev.Net, da Inglaterra, publicou uma lista com conselhos para ajudar os pesquisadores a ampliar a visibilidade de seus artigos (ver recomendações).

Um dos critérios mais importantes de avaliação da produtividade acadêmica hoje é a quantidade de papers publicados. Quanto mais artigos o cientista produz — e quanto mais forem citados por outros pesquisadores —, melhor. Uma estratégia para aumentar o impacto das publicações científicas é publicá-las em revistas de acesso aberto, removendo as barreiras financeiras e tornando-as disponíveis para qualquer pessoa tão logo estejam disponíveis on-line. “Artigos publicados em revistas abertas costumam alcançar públicos diversos mais rapidamente que os publicados em revistas de acesso fechado”, diz Iamarino. “Na América Latina, 25% dos downloads de artigos em revistas de acesso aberto são de fora das universidades”, ressalta.

Ele sugere que os pesquisadores aumentem o impacto e a abrangência de suas produções colocando-as em portais de acesso aberto, como o ResearchGate e o Academia.edu. “Tão importante quanto facilitar o acesso às produções científicas é identificar o tipo de público que se interessa por elas,os lugares onde os artigos são compartilhados, discutidos e citados”, diz Iamarino.

Manter-se ativo na internet por meio de redes sociais, blogs ou plataformas como a Mendeley pode ajudar os pesquisadores a ampliar a rede de contatos dentro e fora da academia, segundo o biólogo brasileiro Alysson Muotri, na Faculdade de Medicina da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos. “As redes sociais têm papel muito forte na divulgação científica porque permitem uma maior interação com públicos diversos”, diz.

Em sua coluna Espiral no portal G1, ele divulga os trabalhos dele e de outros pesquisadores. “Costumo enviar meus artigos científicos para alguns cientistas e associações da mesma área e para as agências financiadoras.” Falar do próprio estudo, porém, exige muito cuidado. A divulgação deve ser feita de modo criterioso, a partir de trabalhos mais abrangentes e com conclusões bem definidas, sugere Muotri.

Republicar