O professor Carlos Henrique de Brito Cruz, 40 anos; Pró-Reitor de Pesquisa da UNICAMP, é o novo presidente do Conselho Superior da FAPESP. Indicado na lista tríplice votada pelo próprio Conselho, em 28 de agosto passado, ele foi nomeado para o cargo pelo governador Mário Covas, no dia 3 de setembro. O professor Brito Cruz é engenheiro de Eletrônica diplomado pelo Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) em 1978. Tem mestrado e doutoramento pelo Instituto de Física “Gleb Wataghin” da UNICAMP, a mesma instituição em que iniciou, em 1982, sua carreira docente e onde permanece hoje como titular da área de Eletrônica Quântica, depois de ter sido seu diretor, de 1991 a 1994.
Pesquisador respeitado, sua principal área de estudo são os fenômenos ultra-rápidos com lasers de pulsos ultracurtos, com ênfase nos processos eletrônicos em escala de tempo de femtossegundos em materiais (incluindo corantes orgânicos, sistemas biológicos e materiais semicondutores). No momento coordena um projeto de pesquisa sobre materiais não lineares voltados para aplicações em comunicações ópticas.
Entre março de 1986 e agosto de 1987, o professor Brito Cruz foi visitante residente nos Laboratórios Bell da AT&T, em Holmdel, Nova Jersey e durante essa estada demonstrou a geração dos pulsos laser mais curtos já obtidos, com duração de 6 femtossegundos. Publicou até agora mais de 50 trabalhos em revistas especializadas internacionais, que receberam 1.240 citações na literatura internacional entre 1980 e 1993, segundo o Science Citation Index. Orientou dissertações e teses de nove mestres e sete doutores e tem, no momento, mais três orientações em andamento. É vice-presidente da Sociedade Brasileira de Física. O professor Brito Cruz substitui, na residência do Conselho Superior da FAPESP, o professor Francisco Romeu Landi, que no dia 6 de agosto foi nomeado para o cargo de diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo, instância executiva da Fundação.
Respondendo aos novos desafios do fomento à pesquisa
A avaliação do professor Carlos Henrique de Brito Cruz sobre a FAPESP é, ao mesmo tempo, tranquila e incisiva: “a Fundação tem atualmente uma sólida posição frente à comunidade acadêmica do Estado de São Paulo”. Até mesmo comparada com referências internacionais, diz, “a FAPESP é reconhecida como uma agência modelo de financiamento à pesquisa”.
Por isso mesmo, ele julga “essencial” que o Conselho Superior da Fundação – responsável por sua orientação geral e pelas decisões estratégicas de política científica, administrativa e patrimonial – esteja sempre atento à evolução do panorama em Ciência, Tecnologia e Cultura no Estado de São Paulo, “para responder rapidamente às alterações observadas”. E na verdade o Conselho mantém essa atenção, tanto que, em resposta às mudanças, “tem estudado e implementado recentemente vários programas especiais”.
Mais precisamente, hoje são seis os programas especiais em andamento, enquanto dois outros estão em fase final de discussão: um deles “visa ao apoio à pesquisa na pequena empresa e o outro, à instalação nas universidades paulistas de Centros Multidiscplinares de Ciência e Tecnologia “.
Desenvolvidos com recursos próprios da Fundação, sem qualquer prejuízo das linhas ordinárias de financiamento à pesquisa (auxílios e bolsas), que absorvem prioritariamente os recursos orçamentários transferidos pelo Tesouro Estadual, esses programas especiais, segundo o professor Brito Cruz, destinam-se a “reforçar a comunidade de pesquisa paulista, apoiando grupos já existentes ou fomentando a criação de novos grupos de excelência em pesquisa “. Mais: “eles são um instrumento dinâmico para adequar a atuação da FAPESP à evolução da atividade de pesquisa no Estado”.
Ele cita, entre outros exemplos, o Programa de Apoio à Recuperação e Modernização da Infra-Estrutura de Pesquisa do Sistema Esiadual de Ciência e Tecnologia, que “entra agora em sua terceira fase e investiu nos últimos dois anos quase R$200 mil no melhoramento das condições de pesquisa no Estado”. Inclui-se aí, observa o professor Brito Cruz, “substancial apoio aos Institutos de Pesquisa Estaduais, que receberam uma injeção de recursos de mais de R$23 milhões”.
Outro exemplo é o do Programa de Pesquisas Aplicadas sobre a Melhoria do Ensino Público do Estado de São Paulo, que “está em sua segunda rodada de aceitação de projetos, e aprovou na primeira rodada 25 projetos no valor total de R$5 milhões”. O professor Brito Cruz observa que “os projetos já aprovados nesse programa vão induzir uma forte interação entre as universidades paulistas e as escolas públicas”.
O novo presidente do Conselho Superior diz que, neste final de século, São Paulo vai precisar mais do que nunca exercitar sua capacidade de criar tecnologia para manter e aumentar a competitividade de sua indústria. “E para criar tecnologia é preciso pessoal qualificado e é preciso atividade acadêmica de pesquisa básica e fundamental. Em todos esses itens – criação de tecnologia, formação de pessoal e pesquisa básica é fundamental – a FAPESP tem muito a oferecer ao Estado, apoiando atividades e estimulando novos programas”.
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