Apenas seis meses após o lançamento, pela FAPESP, doPrograma da Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas, a Fundação já aprovou e vai financiar trinta projetos de pesquisa, dos 79 inscritos na primeira rodada. Os projetos aprovados representam investimentos iniciais da ordem de R$ 1,24 milhão.
A cerimônia de divulgação oficial e assinatura simbólica da relação dos projetos aprovados foi realizada no dia 15 de dezembro passado, no Palácio dos Bandeirantes, em solenidade presidida pelo governador Mário Covas e que contou com a presença do secretário de Estado da Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico, Emerson Kapaz, do secretário de Assuntos do Governo, Antônio Angarita, dos prefeitos de Paulínia, Juquitiba, Martinópolis, São João da Boa Vista, Sorocaba e Espírito Santo do Pinhal, pesquisadores e empresários das pequenas empresas. Estiveram presentes, também, o reitor da Universidade de São Paulo, Jacques Marcovitch, os ex-reitores da USP e Unicamp, Fávio Fava de Moares e Carlos Vogt, os empresários José Mindlin e Einar Kok, da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, o presidente da Fundação Butantan, Isaias Raw, entre outros.
Falando em nome da FAPESP, o presidente do seu Conselho Superior, Carlos Henrique de Brito Cruz, classificou aquele momento de assinatura dos primeiros trinta contratos de financiamento como “especial na história da FAPESP”, que pela primeira vez põe em marcha “um programa voltado especificamente para financiar projetos de pesquisa em empresas”.
Segundo ele, esse programa é necessário para estimular a cultura de Pesquisa e Desenvolvimento na empresa, em São Paulo. “Ao contrário do que muitos pensam, a inovação tecnológica nasce na empresa, não nasce na universidade. Adam Smith já observava isto, em A Riqueza das Nações, e mais recentemente estudos feitos pela National Science Foundation demonstram que nove entre dez inovações tecnológicas de produtos ou processos nascem na empresa”.
Brito Cruz destacou o excelente nível dos trinta projetos aprovados, o que justificou a ampliação da meta inicialmente estabelecida pela FAPESP, de aprovação de vinte projetos, na primeira rodada, e informou que a segunda rodada de inscrições no Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas recebeu 50 projetos, que já estão sendo analisados. “A FAPESP já tem outros 25 projetos contratados na linha de Desenvolvimento Tecnológico em Parceria entre Universidade e Empresa. São, portanto, 55 projetos contratados envolvendo o apoio da FAPESP, e, portanto, do Governo de São Paulo, ao desenvolvimento tecnológico e à competitividade da empresa paulista. Este é um marco na história dessa Fundação, em seu objetivo constitucional de apoiar a pesquisa para o desenvolvimento científico e tecnológico e, portanto, desenvolvimento econômico e social do Estado de São Paulo”.
Exemplo paulista
O físico e empresário José Ellis Ripper Filho, da Asga Microeletrônica S/A, ao falar em nome das pequenas empresas e dos pesquisadores responsáveis pelos projetos de pesquisa contratados pela FAPESP, destacou que os recursos que a FAPESP estará dedicando aos trinta projetos, mais do que financiamentos a fundo perdido, são investimentos que certamente trarão grande retorno ao desenvolvimento do país. “O governo norte-americano percebeu isto, tanto que o volume de recursos destinados à pesquisa nas empresa é sempre maior do que o destinado à ciência básica”. E assinalou que, ao financiar o desenvolvimento tecnológico na pequena empresa, São Paulo inova e dá um exemplo para o Brasil.
Em seguida, após a leitura da relação dos projetos aprovados e dos pesquisadores responsáveis, foi feita a sua assinatura pelo governador Mário Covas, pelo secretário Emerson Kapaz e pelo presidente do Conselho Superior da FAPESP. Em seu discurso, Emerson Kapaz ressaltou a preocupação de sua Secretaria em uma aliança estratégica entre desenvolvimento científico e tecnológico e desenvolvimento econômico.
Lembrou o restabelecimento, em sua gestão, do Concite – Conselho Estadual de Ciência e Tecnologia, que elaborou uma política tecnológica para o Estado e está concluindo a elaboração de uma política científica, e deu ênfase ao papel da pequena empresa no desenvolvimento: “As pequenas empresas, para poder competir no mercado globalizado, têm necessidade de desenvolver tecnologia. Os recursos aplicados nesse programa certamente terão um retorno muito maior. Isto sim é investimento produtivo”.
Saber e conhecimento
O governador Mário Covas, por sua vez, disse ser muito gratificante para o governo do Estado estar abrigando um evento daquela natureza. Destacou a importância das pequenas e micro empresas no desenvolvimento de novas tecnologias e na geração de empregos, para, em seguida afirmar: “Em boa hora a FAPESP decidiu ampliar suas atribuições, investindo na inovação tecnológica em pequenas e micro empresas. Decisão que não ficou no papel”, lembrou Mário Covas, referindo-se ao lançamento do programa, em solenidade na sede da FAPESP, e com a sua presença, poucos meses antes.
“Quanto mais se puder investir em inovação tecnológica melhor para o Estado e para o país”, disse ele. Segundo o governador, a inovação tecnológica caminha com velocidade impressionante e há dificuldade em acompanhar esse avanço. Algumas delas, como a própria globalização, ainda não têm todas as suas conseqüências bem avaliadas. “Proclamam-se as suas virtudes, mas ela traz também dificuldades”, disse o governador, acrescentando a necessidade de se construírem salvaguardas. “São Paulo tem um corpo de cientistas, foi capaz de montar um espaço como a Fundação, cujo papel é de tal relevância que se iguala ao dos maiores papéis que o Estado tem a desempenhar”.
Em seguida, Mário Covas ressaltou que a sociedade do futuro será a do saber e do conhecimento. “O que no passado representou o colonialismo, o imperialismo, as várias formas de hegemonia, vai ser substituído pela sociedade do saber e do conhecimento. Que não vai exigir grandes investimentos no local. O importante não vai ser aonde o investimento se dá, mas onde a tecnologia é produzida”.
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