Estudos sobre genomas têm recebido investimentos em parceria, apoio substancial do governo e possuem grande potencial para gerar lucros líquidos e tecnologias poderosas. Nesse sentido, o maciço fluxo de informações na área tem provocado megafusões entre empresas e, em conseqüência, a criação de um novo setor econômico: as ciências da vida. As empresas desse setor, como informa a edição de 14 de agosto da revista Science, estão nas fronteiras entre diferentes segmentos – farmacêutico, biotecnologia, agricultura, alimentos, química, cosmética, ambiente e energia. Os estudos sobre genoma estão presentes em tantas tecnologias e produtos da revolução molecular que é difícil identificar sua influência sobre uma única indústria, mas há exemplos significativos.
A maior fusão no setor farmacêutico, estimada em US 100 bilhões, entre a Ciba-Geigy e a Sandoz, criou um conglomerado, a Novartis, com capacidade e recursos para P&D suficientes para competir não só na área de saúde, mas em nutrição e agricultura. A união da Glaxo com a SmithKline teria criado a terceira maior companhia mundial, com controle sobre aproximadamente 7,5% do mercado farmacêutico global. O orçamento para pesquisa da nova empresa excederia, em um ano, o custo total estimado do seqüenciamento do genoma humano e sua capitalização seria superior ao produto interno bruto anual de 143 países.
Mas existem riscos importantes para a nova indústria de ciências da vida. Sua avaliação no mercado de capitais é muito alta e, para cumprir expectativas de altos lucros a curto prazo, essas empresas devem obter, rapidamente, alguns produtos revolucionários.
O segundo risco decorre da pressão por colocar no mercado produtos obtidos por engenharia genética, o que pode impedir a realização dos rigorosos testes exigidos pelos farmacêuticos. O terceiro problema tem outra natureza: as recentes descobertas e a nova estrutura dessas companhias estão muito além da compreensão pública.
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