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Especial

O Brasil resgata a sua história

Documentos trazidos de Lisboa falam da vida nas capitanias

Por trás do longo título Projeto Resgate de Documentação Histórica Barão do Rio Branco, há um trabalho formidável de mais de uma centena de pessoas que a partir de 1996 vasculharam o acervo do Arquivo Ultramarino de Lisboa, e leram, decifraram, organizaram, microfilmaram e digitalizaram documentos, para ficar apenas nas tarefas mais evidentes que um empreendimento desse tipo abarca. Como efeito de um tal esforço há, no entanto, um resultado monumental, muito maior, em múltiplos sentidos, que a carga de trabalho investida: são cerca de 250 mil documentos referentes ao Brasil Colônia, que trazidos ao país cumprem papel fundamental na preservação da memória do Brasil. Mais: cumprem uma função de democratizar o acesso à informação, na medida em que se tornam acessíveis a qualquer interessado.

Os documentos atingem, de certo modo, todos os aspectos da vida pública nas capitanias e mesmo aspectos da vida pessoal de seus habitantes entre os séculos 17 e 19. E por isso tornam-se uma fonte agora próxima e inesgotável de pesquisas em história e outras áreas das ciências humanas, que poderão lançar novas luzes sobre o que fomos e o que hoje somos como nação.

Patrocinado pelo Ministério da Cultura, com a participação de dezenas de instituições públicas e privadas de todo o país – e em São Paulo financiado pela FAPESP- o Projeto Resgate pode ser considerado emblemático dentro das comemorações dos 500 anos do Descobrimento. Seus produtos materiais são os microfilmes guardados na Biblioteca Nacional, no Museu Histórico Nacional e nos arquivos públicos estaduais, abertos à consulta de todo interessado. São os CD-ROMs que os reproduzem e os catálogos que contêm os índices desses documentos e que vêm sendo entregues às universidades, entre outras instituições. Mais adiante, essa documentação deverá se tornar acessível também pela Internet; democratizando ainda mais sua consulta.

Quanto aos produtos mais intangíveis do Projeto, por ora é impossível dimensioná-los. Mas os pesquisadores diretamente envolvidos nesse resgate histórico estão convencidos de que ele é um marco referencial. Tanto que o evento organizado para seu encerramento em São Paulo, de 25 a 27 de-setembro, com a participação de historiadores brasileiros e portugueses, tem por título A História que Nasce do Projeto Resgate. Mais: ele está combinado com o simpósio Agenda da História para o Milênio, cujos debates podem delinear uma nova política de cooperação luso-brasileira para a pesquisa histórica.

Neste suplemento especial de Pesquisa FAPESP, pesquisadores brasileiros- incluindo o ministro da Cultura, Francisco Weffort – e portugueses expõem em detalhe suas visões sobre o Projeto Resgate, sobre seu significado e prováveis desdobramentos. As entrevistas foram feitas pelos jornalistas Maria da Graça Mascarenhas, Mariluce Moura e Mário Leite Fernandes.

O documento da capa é uma planta da baía de Paranaguá, de 1653, recuperada pelo Projeto Resgate.

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