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Mundo

Os neurônios da paixão

A paixão é diferente do amor  e a distinção, segundo um grupo de pesquisadores de Nova York, é visível até em imagens que comparam o funcionamento do cérebro humano nas duas situações. Assim que se enamora por alguém, o recém-apaixonado ativa neurônios do núcleo caudado e, em menor intensidade, da área tegmental ventral. Tais zonas cerebrais são ricas em células nervosas que interagem na presença de dopamina, um tipo de neurotransmissor cuja circulação aumenta quando as pessoas antecipam ou querem alguma forma de prêmio ou recompensa.

Estado emocional geralmente marcado por uma dose generosa de irracionalidade e desejos incontroláveis, a paixão exibe um perfil neuronal semelhante ao de situações como sentir fome, ter sede ou ser viciado em algo, como jogar ou usar alguma droga. “Isso ocorre numa área do cérebro dos mamíferos que toma conta das funções mais básicas e inconscientes, como comer, beber, movimentar os olhos”, diz Lucy Brown, da Faculdade de Medicina Albert Einstein, no Bronx, um dos autores do estudo, publicado na revista científica Journal of Neurophysiology.

Quando o ímpeto da paixão diminui e a ligação entre duas pessoas caminha para o que comumente se chama de amor, um estado mais sereno, os pesquisadores constataram que ocorrem pequenas alterações na circuitaria cerebral acionada. Áreas ligadas a sentimentos mais duradouros passam a ser ativadas pelo amor. Os pesquisadores chegaram a esses resultados depois de analisar 2.500 imagens do funcionamento do cérebro de 17 universitários, que estavam no auge da paixão ou viviam um amor mais consolidado. Seria um exagero pensar que a paixão e o amor poderiam ser simplesmente retratados por meio de gráficos de atividade neuronal, mas esse tipo de estudo se encaixa perfeitamente com a crescente literatura científica que descreve a existência de um sistema cerebral de recompensa e aversão.

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