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Estratégias

A hora da ciência na Amazônia

Agência Fapesp,

Com o tema “Amazônia: Desafio nacional”, a  59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) aconteceu entre 8 e 13 de julho, em Belém (PA). Duas constatações permearam a programação: a Amazônia chama a atenção do mundo, mas permanece à margem das políticas nacionais. O conhecimento é fundamental para a região, mas faltam investimentos em pesquisa, com formação de recursos humanos locais. A programação teve ampla participação de pesquisadores locais, que não se cansaram de defender a presença da ciência na região. Homenageado especial, o sociólogo Lúcio Flávio Pinto foi enfático: “A Amazônia já teve todo tipo de pioneiros: seringueiros, madeireiros, mineiros, grileiros e fazendeiros. Faltam os cientistas. Se a região abrigar pólos científicos, poderá, finalmente, aproveitar uma oportunidade histórica de adquirir uma identidade”. Alex Bolonha, reitor da Universidade Federal do Pará (UFPA), afirmou que é preciso reverter a tendência de a ciência apenas servir-se da Amazônia. “A Amazônia não é só floresta, nem é só natureza. Ela é o lugar de 20 milhões de brasileiros que precisam de renda e qualidade de vida. Não pode ser um santuário de ONGs, nem um espaço exótico para turistas. Não se defende a Amazônia com preservação, mas com conhecimento”, disse Bolonha na abertura do evento.

Nos cinco dias da reunião foram apresentados aproximadamente 170 conferências, mesas-redondas e simpósios. Cerca de 50 deles tinham temas diretamente ligados à Amazônia, com foco em diferentes áreas do conhecimento – dos fármacos à lingüística, da nanotecnologia à agroenergia. A maior parte dos 70 mini cursos e encontros abertos também abordaram a região. Foram apresentados 2,8 mil trabalhos. Cerca de 10 mil pessoas participaram das atividades e conferências no suntuoso Hangar – Centro de Convenções da Amazônia, inaugurado um mês antes do evento. Durante a reunião, o governo federal divulgou as premissas do Plano de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Nacional. Segundo o secretário-executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, Luiz Antonio Rodrigues Elias, o plano, conhecido como PAC da C&T, precisará de investimentos entre R$ 35 bilhões e R$ 40 bilhões, somando recursos de quatro ministérios, de parcerias com governos estaduais e com o setor privado. “É um programa que se pretende horizontal, mas as premissas não estão consolidadas. São proposições que recebemos da sociedade e estamos integrando em um grande projeto”, afirmou Elias.

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