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Botucatu

Unesp cria o primeiro biobanco veterinário do Brasil

O laboratório já conta com cerca de 50 amostras armazenadas, todas de tecidos caninos afetados por tumores

Unesp de Botucatu implanta 1º banco de tecido biológico de animais

Unesp/Divulgação Unesp de Botucatu implanta 1º banco de tecido biológico de animaisUnesp/Divulgação

Agência FAPESP – As amostras de tecidos afetados por tumores ou por doenças infecciosas armazenadas nos chamados biobancos têm se tornado ferramentas preciosas para pesquisadores que se dedicam a estudar a evolução natural das enfermidades ou a buscar marcadores genéticos que ajudem a prever o prognóstico de um paciente e sua resposta ao tratamento.

Em 1997, o Hospital A.C.Camargo inaugurou a primeira estrutura do gênero no país para abrigar tecidos humanos afetados por tumores. Agora, a Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Botucatu, acaba de implantar o primeiro banco de tecido biológico voltado exclusivamente para animais.

O trabalho começou em 2010, sob a coordenação da professora Noeme Sousa Rocha, do Departamento de Clínica Veterinária. Hoje, há cerca de 50 amostras armazenadas, todas de tecidos caninos afetados por tumores e coletadas durante pesquisas desenvolvidas pelos pós-graduandos da instituição.

A montagem do banco contou com o apoio da FMVZ, que providenciou um freezer específico e a reforma da área onde a estrutura foi instalada. O software usado para gerir o banco e facilitar a troca de informações entre os pesquisadores foi doado pelo Hospital A.C.Camargo. Os demais equipamentos foram adquiridos por meio de projetos apoiados pela FAPESP e pelo CNPq.

“Os tecidos estão armazenados em um freezer a menos 80 graus Celsius. A ideia é preservar o material para uso em pesquisas. Podemos aplicar técnicas de biologia molecular existentes e, no futuro, novas tecnologias mais avançadas que forem surgindo”, explicou Rocha.

Outra vantagem do armazenamento de tecidos é permitir analisar como a doença evolui com o passar do tempo. “Hoje só conseguimos estudar a doença no presente. Não temos uma base de comparação para saber, por exemplo, se um vírus está se tornando mais ou menos agressivo”, disse.

O biobanco da FMVZ ainda funciona de forma experimental. Segundo Rocha, a ideia é incluir tecidos de outros animais, principalmente de bovinos. Outro plano é investir no intercâmbio de conhecimento e de material com pesquisadores de outras instituições brasileiras e de outros países.

“A troca de experiências entre diferentes profissionais permite a investigação globalizada e estudos comparativos. Pode ainda auxiliar governantes a tomar medidas mais eficientes de saúde pública, ajudando na prevenção e no diagnóstico precoce”, disse.

Rocha também ressalta que o biobanco será uma ferramenta importante para graduandos e pós-graduandos da instituição, colaborando para a formação de recursos humanos.

Entre os projetos apoiados pela FAPESP que contribuíram para a montagem do banco estão:

Influência da terapia fotodinâmica nos genes Bcl-2, Bax e ErbB2 na carcinogênese mamária;
Análise da imunoexpressão de S100A4 e osteopontina nos carcinomas mamários esporádicos de cadelas;
Expressão de TGFbeta, psmad2, p53, p63 e E-caderina como marcadores prognósticos em tumores espontâneos de mama de cadelas;
Expressão in vitro da cicloxigenase-2 (COX2) no osteossarcoma exposto a inibidor seletivo da COX2.

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