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Biol. Celular

A comunicação interna das plantas

José Feijó/Universidade de Maryland Grãos de pólen (filamentos claros) de Arabidopsis thaliana crescem mais em direção aos óvulos nas plantas com receptores GLR preservados (à esq.) do que naquelas com receptores defeituosos (à dir.)José Feijó/Universidade de Maryland

As células das plantas se comunicam entre si trocando compostos químicos, como os neurônios no sistema nervoso dos animais. A superfície dos neurônios tem moléculas chamadas receptores de glutamato. Quando o neurotransmissor glutamato adere ao receptor, poros se abrem na célula e deixam entrar cálcio, fazendo um impulso elétrico percorrer o neurônio. Mais glutamato é liberado na extremidade da célula e transmite a informação adiante. Plantas não têm neurônios, mas suas células são recobertas por receptores semelhantes ao do glutamato (GLRs). O biólogo português José Feijó e seu grupo na Universidade de Maryland, Estados Unidos, pesquisam o que a ativação dos GLRs e a entrada de cálcio fazem nas células vegetais. Em um estudo do qual participou o biólogo brasileiro Daniel Damineli, os pesquisadores verificaram que o acionamento dos GLRs é necessário para guiar a célula reprodutiva masculina de um musgo até seu óvulo (Nature, 24 de julho de 2017). Em outro trabalho, que contou com a bióloga brasileira Maria Teresa Portes, o grupo observou em células de Arabidopsis thaliana que esses receptores funcionam associados às proteínas Cornichons. Essas proteínas controlam a atividade dos GLRs e os transportam no interior da célula, mantendo níveis adequados de cálcio em seus compartimentos (Science, 4 de maio). Para Feijó, a redistribuição dos GLRs forma uma rede complexa que regula a concentração de cálcio e controla a sinalização celular.

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