Entre 710 e 635 milhões de anos atrás, a Terra teria vivido um período glacial extremo e seria um mundo totalmente coberto de gelo. O fim dessa era do gelo global teria ocorrido devido a intensas atividades vulcânicas, que teriam expelido tanto dióxido de carbono a ponto de a concentração do gás na atmosfera ter atingido níveis 300 vezes maiores do que os de hoje. Dessa forma, o planeta teria esquentado e o gelo derretido. Essa hipótese, apelidada de “a Terra como bola de neve”, foi formulada no início dos anos 1990, mas agora foi contestada por um estudo feito por geofísicos brasileiros, franceses e norte-americanos (Nature, 6 de outubro). A partir de amostras obtidas no Mato Grosso de depósitos de cabonatos que recobrem os sedimentos da chamada glaciação Marinoan, os pesquisadores calcularam a concentração de C02 daquele período e concluíram que a taxa deveria ser próxima da atual. Ou seja, é provável que a era do gelo global não tenha sido tão radical como se supunha e seu fim não deve ter sido provocado por um superaquecimento global em razão do excesso de gás carbônico. O geofísico Ricardo Trindade, da Universidade de São Paulo, e o geólogo Afonso Nogueira, da Universidade Federal do Pará, são os brasileiros que assinaram o estudo.
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