Os governos e instituições europeus pretendem investir US$ 620 milhões no combate às doenças que mais atingem a população do continente africano, como a Aids, a tuberculose e a malária (Nature, 21/ 01/2002). A iniciativa, que prevê a realização de testes clínicos com medicamentos ao longo de cinco anos, será submetida ao Parlamento Europeu em março. A liberação da primeira parcela de verbas está prevista para o próximo outono. O Programa Europeu de Testes Clínicos em Países em Desenvolvimento (EDCTP, na sigla em inglês), no entanto, vem encontrando muitas resistências.
Alguns países em desenvolvimento mostraram-se reticentes em relação ao papel dominante da Europa. Além disso, o caráter inovador do projeto, que representa a primeira tentativa de apoio à pesquisa envolvendo a União Européia, seus estados-membros e outros patrocinadores europeus, pode gerar confusão. Sem falar na possibilidade de o EDCTP entrar em choque com iniciativas locais na África.
“Há esperança de que um programa de pesquisa em associação consiga se livrar da burocracia que normalmente cerca os projetos da União Européia”, diz Brian Greenwood, especialista em malária da London School of Hygiene and Tropical Medicine. Ele espera que a iniciativa, que ficará sob o comando de um conselho formado por pesquisadores independentes, sofra pouca interferência de representantes da Comissão Européia, do investimento no EDCTP, um terço virá de projetos clínicos nacionais já em curso e um terço da União Européia. O restante do dinheiro será provido por fundações de pesquisa e pela indústria farmacêutica.
Republicar