Alçado ao comando dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, o geneticista Francis Collins, de 59 anos, tem agora o desafio de dissipar as insinuações sobre seu discernimento para gerenciar um megaorçamento de US$ 30 bilhões. Credenciais para o cargo não lhe faltam: diretor do Projeto Genoma Humano, foi um dos responsáveis pelo mapeamento do DNA humano, em 2001, e é coautor da descoberta do gene causador da fibrose cística. As dúvidas em relação à indicação de Collins envolvem, de um lado, seu engajamento na biologia molecular. “A abordagem genética é importante, mas se trata apenas de uma ferramenta”, disse à revista Nature Fran Visco, presidente da National Breast Cancer Coalition, que luta por mais recursos para pesquisas sobre as causas ambientais do câncer de mama. Mas a maior parte das críticas relaciona-se à fé religiosa de Collins. Em 2006 ele lançou o livro The language of God: a scientist presents evidence for belief, e no ano passado criou a BioLogos Foundation, que busca ajudar cristãos a conciliar sua fé com a ciência. Steven Pinker, psicólogo da Universidade Harvard, expõe a desconfiança da comunidade científica. “Collins advoga crenças anticientíficas e é razoável perguntarmos se essas crenças vão afetar sua capacidade de avaliação.” Vários cientistas sustentam que Collins sabe separar as coisas. “Trabalho com ele há muitos anos e posso dizer que nunca vi conflito entre sua fé e seu julgamento científico”, diz a bióloga Shirley Tilghman, reitora da Universidade Princeton.
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