Um levantamento feito pela revista Nature comprovou o que a maioria dos pesquisadores já sabia: os países pobres chegam a pagar 70% mais caro por equipamentos e insumos importados, em relação aos preços cobrados em nações desenvolvidas. A revista científica comparou os preços praticados em dois países europeus com graus de desenvolvimento diferentes: a Alemanha e a Polônia. Fez a mesma coisa com aparelhos e matérias-primas vendidos no Brasil e nos Estados Unidos. Dos 12 produtos avaliados, só um era mais barato no Brasil – os outros 11 saíram mais caros que nos Estados Unidos. Segundo o levantemento, uma centrífuga 5415D Eppendorf, por exemplo, custa US$ 1.950 para um cientista norte-americano – e US$ 3.110 para um brasileiro. Um quilo de extrato de levedura da Sigma-Aldrich sai por US$ 202 nos Estados Unidos e US$ 340 no Brasil. Na comparação entre Alemanha e Polônia, foram estudados 18 produtos. A Polônia pagava mais caro por 16 deles. As indústrias culpam as tarifas de importação dos países pobres como a causa da distorção, mas se sabe que isso não explica toda a diferença. Os laboratórios cobram mais porque o mercado dos países pobres é menor e não apresenta o mesmo ambiente de competitividade entre os fabricantes. “Tudo é tão caro na Polônia que precisamos ter 75% mais dinheiro”, diz o microbiologista Jan Potempa, da Universidade Jageloniana, de Cracóvia, e da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos.
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