A dengue pode em breve perder a exclusividade nas propagandas que recomendam a eliminação de vasos, potes e pneus com água parada, berçários para as larvas do mosquito transmissor dessa doença, o Aedes aegypti. A mais nova motivação é a provável volta da febre amarela urbana, registrada pela última vez em 1942. Ricardo Lourenço de Oliveira, da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), chegou a essa conclusão após analisar a suscetibilidade de 23 amostras de A. aegypti de 13 estados para os vírus da febre amarela e da dengue tipo 2. Os insetos com a mais alta afinidade aos vírus teriam migrado da Venezuela e do sul dos Estados Unidos, de onde nunca se eliminaram os focos de A. aegypti. “É provável que as colônias de mosquitos que se restabeleceram no Brasil nos anos 1970, depois de o país as ter erradicado em 1955, sejam provenientes desses lugares”, diz ele. O mosquito também não foi erradicado de outros dois países vizinhos, Suriname e Guiana, o que faz da Amazônia uma das portas de entrada do vírus. Outra, por causa da alta densidade populacional, é a cidade do Rio de Janeiro, onde já se encontraram os três tipos de vírus da dengue.
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