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CNCTI

Abertura de conferência nacional reúne cerca de 1,2 mil pessoas em Brasília

Evento vai agregar sugestões para um plano nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação

Léo Ramos Chaves / Revista Pesquisa FapespEquipe de coordenação da conferência com o presidente Lula: abertura teve 1,2 mil participantes presenciais e cerca de 4,8 mil on-lineLéo Ramos Chaves / Revista Pesquisa Fapesp

Começou na tarde de hoje (30/07) a 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI), que vai discutir e compilar sugestões para um plano nacional para os próximos 10 anos. Mais de 1,2 mil pessoas participaram presencialmente da abertura do evento, que reuniu autoridades, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ministros e gestores públicos, no Centro de Eventos e Convenções Brasil 21, em Brasília. Outras 4,8 mil assistiram à sessão pela internet.

O coordenador da conferência, o ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação Sergio Machado Rezende, destacou a mobilização promovida por 221 eventos preparatórios: foram 29 conferências temáticas, 27 estaduais, 14 municipais e 157 conferências livres, convocadas de forma espontânea, sem a intermediação do evento nacional. “Esses eventos tiveram a participação expressiva e surpreendente de quase 100 mil pessoas. A nossa comunidade está motivada”, afirmou.

As recomendações reunidas pelas conferências preparatórias, tanto as feitas por escrito como aquelas resultantes de mais de 4 mil horas de debates, foram processadas e sintetizadas com a ajuda de um software de inteligência artificial e organizadas pelo subcomitê de sistematização do evento. O trabalho resultou, segundo Rezende, em dois e-books, que ajudarão a nortear as discussões no evento. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, destacou a retomada em investimentos federais no setor desde o ano passado e a mobilização da comunidade científica para discutir uma nova estratégia nacional. “A ciência voltou”, disse, após declarar aberta a conferência.

A biomédica baiana Jaqueline Goes de Jesus lembrou que os avanços científicos têm sido cruciais para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Ela foi uma das coordenadoras da equipe que sequenciou o genoma do vírus Sars-CoV-2 dois dias após a identificação do primeiro caso da doença no Brasil, em fevereiro de 2020, quando estava em um estágio de pós-doutorado, com bolsa da FAPESP, na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP).A pesquisadora destacou que investimentos generosos, agilização de processos burocráticos e a concentração de esforços contra a Covid-19 permitiram que o mundo saísse da emergência sanitária em um tempo surpreendentemente curto. “Se quisermos, através da ciência e da inovação podemos reduzir a zero ou próximo de zero todas as disparidades que encontramos no país, seja no campo social, econômico ou político”, afirmou.

A bioquímica Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), falou em nome do Conselho Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CCT), órgão consultivo da Presidência da República composto por ministros, cientistas e gestores, que aprovara, no dia anterior, o esboço do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), entregue ao presidente da República durante o evento. O plano prevê R$ 23 bilhões de investimentos, provenientes do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), além de recursos privados aplicados como contrapartida a investimentos públicos.

O plano propõe, entre outras medidas, a expansão do supercomputador Santos Dumont, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) em Petrópolis (RJ), e a criação de uma infraestrutura nacional de armazenamento de dados em nuvem que funcione como alternativa aos repositórios de grandes empresas de tecnologia. Os investimentos seriam detalhados em outro evento da conferência e o plano ainda vai ser discutido em uma reunião ministerial, que deve acontecer na próxima semana.

O presidente Lula elogiou o esforço do CCT na produção do plano. “O Brasil tem uma base intelectual respeitada no mundo. O país não pode criar seu mecanismo, em vez de ficar esperando que a inteligência artificial venha da China, Coreia e do Japão?”, indagou o presidente, que há cerca de um ano lançou um desafio para que os pesquisadores brasileiros se debruçassem sobre os desafios do país com a inteligência artificial. Ele destacou a importância de oferecer para a sociedade bancos de dados nacionais acessíveis que conversem entre si.

O tema da 5ª CNCTI, que vai até quinta-feira (01/08), é “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Justo, Sustentável e Desenvolvido”. O evento terá mais de 50 sessões de debates, além de sete plenárias. A previsão é de que receba até 2 200 participantes por dia, além de mais de 2 mil virtuais.

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