Um grupo de pesquisadores dos Países Baixos dedicou-se, nos últimos meses, a preparar um grande levantamento multidisciplinar sobre integridade científica em universidades e instituições de pesquisa nacionais: mais de 40 mil pesquisadores foram convidados a preencher um questionário on-line sobre tópicos como práticas questionáveis e má conduta. Os resultados, contudo, ficaram muito aquém das ambições iniciais, pois apenas 15% aceitaram participar e enviaram respostas até a data-limite, 7 de dezembro.
De 15 universidades convidadas, apenas cinco colaboraram com o estudo. Lex Bouter, pesquisador da Universidade Livre de Amsterdã e idealizador da iniciativa, assegurou aos dirigentes de universidades que o levantamento não seria usado para abastecer nenhum ranking de mau comportamento, mas eles se queixaram da ênfase excessiva em temas relacionados à má conduta. “Achei que seria tendencioso”, disse à revista Science Henk Kummeling, presidente da Universidade de Utrecht, uma das que se recusaram a participar. “Se você perguntar apenas sobre práticas de pesquisa questionáveis, já sabe de antemão o que vai ganhar como resposta.”
O rol de perguntas foi ampliado para tentar deixar o estudo mais palatável, incluindo assuntos como compartilhamento de dados e ciência aberta, mas o esforço não conseguiu derrubar as resistências. Jeroen de Ridder, filósofo da ciência da Universidade Livre de Amsterdã sem envolvimento com o estudo, se disse desapontado com o boicote e a perda de oportunidade de analisar os problemas relacionados à integridade científica no país. Ele nega que a pesquisa tenha falhas metodológicas: “É a mais cuidadosa e completa que se poderia desejar”, afirmou.
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