Até 1 milhão de espécies de plantas e animais no mundo enfrentam um drástico processo de redução populacional e perda de hábitat e estão ameaçados de extinção. A abundância de plantas e animais diminuiu ao menos 20%, sobretudo no último século, em quase todos os ecossistemas. A conclusão é de um relatório de mais de mil páginas, fruto do esforço de 145 pesquisadores de 50 países. Eles analisaram quase 15 mil estudos publicados nos últimos três anos sobre o declínio da biodiversidade. Essa é a primeira avaliação global do estado de preservação da natureza feita pela Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES). O relatório, que teve entre seus coordenadores o antropólogo brasileiro Eduardo Brondízio, da Universidade de Indiana, Estados Unidos, indica que cerca de 75% das terras e 66% das áreas oceânicas foram significativamente alteradas pelo ser humano para a produção de alimento no último século. Outros impactos são a exploração descontrolada de espécies, a poluição, as alterações no clima e a introdução de espécies invasoras. Na Indonésia, Sudeste Asiático, a transformação de florestas em plantações de palmeiras para a extração de óleo destruiu o hábitat de orangotangos (Pongo sp) e tigres-de-sumatra (Panthera tigris sumatrae). Em Moçambique, na África, caçadores de marfim mataram 7 mil elefantes entre 2009 e 2011. Já na Argentina e no Chile, na América do Sul, a introdução do castor-americano (Castor canadensis) devastou várias espécies nativas de árvores. O documento alerta: se nada mudar, as metas globais de conservação e uso sustentável da natureza não serão alcançadas nas próximas décadas.
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