Há dois anos o Instituto de Saúde de Berlim (BiH), centro alemão com cerca de 7 mil pesquisadores, paga um bônus de € 1.000 para os cientistas que publicarem resultados diferentes do esperado – os chamados resultados nulos – ou estudos que tentem reproduzir os achados de trabalhos anteriores. A mesma quantia é oferecida para a publicação de resultados de pesquisas com animais previamente registradas ou de trabalhos que usem dados gerados por outros grupos. O dinheiro não fica com os pesquisadores. Vai para um fundo, destinado, por exemplo, a financiar viagens de estudantes ou experimentos. Segundo Ulrich Dirnagl, diretor do Centro de Transformação da Pesquisa Biomédica do BiH, aqueles que conquistam vários bônus descobrem que ganham “um belo suplemento para seus fundos de pesquisa”.
Pouco usual, esse tipo de incentivo financeiro é parte de um programa mais amplo para aumentar a transparência na pesquisa e a confiança na ciência, detalhado em fevereiro na revista científica PLOS Biology. Existe uma preocupação internacional de que a pressão para gerar resultados positivos, com maior probabilidade de serem publicados por revistas científicas importantes, esteja levando alguns pesquisadores a divulgar dados enviesados, que depois não se confirmam em trabalhos de outros cientistas. O instituto vê no programa uma oportunidade de estimular o debate sobre a integridade científica. “Talvez estejamos recompensando atitudes que deveriam ser parte do processo normal, mas isso precisa ser feito”, disse Dirnagl à revista inglesa Times Higher Education.
€ 1.000 é o bônus oferecido a pesquisadores do Instituto de Saúde de Berlim que publicarem soluções imprevistas
O BiH também aplica os mesmos princípios à progressão de carreira dos pesquisadores. Quem se candidata a um cargo de professor precisa contar como incentivou a realização de uma ciência responsável. Os candidatos também devem descrever seus cinco principais trabalhos, mas não podem dizer em quais periódicos foram publicados.
O objetivo é desencorajar o excesso de confiança na reputação das revistas e estimular os pesquisadores a focar no conteúdo de seus artigos, independentemente do impacto da revista que os publicaram. “Estamos tentando levá-los a considerar diferentes fatores e ideias”, afirmou Dirnagl.
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