O vigor do agro brasileiro é merecidamente objeto de destaque no noticiário: safras recordes, produtividade crescente, liderança mundial em exportação de várias commodities. Não recebem destaque outros dados que mostram uma realidade agrícola menos pop: a área de plantio de arroz e feijão, base da alimentação nacional, diminuiu mais de 30% de 2006 a 2022, segundo dados do IBGE.
A mudança para o cultivo de itens voltados à exportação, mais rentável, contribui para a insegurança alimentar no país. O conceito contempla a ingestão de alimentos em quantidade e qualidade insuficientes. Estima-se que mais da metade da população – em torno de 125 milhões de pessoas – hoje vivencie algum grau de insegurança.
Pesquisadores nas áreas de nutrição, economia, sociologia, agronomia e geografia se debruçam sobre a fome e caminhos para que o país enfrente esse aparente paradoxo, garantindo uma alimentação adequada para sua população. Ainda no tema da qualidade dos alimentos, reportagem à página 60 mostra que a composição do ketchup consumido no Brasil contém apenas 25% de tomate, em média. O grupo de cientistas do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da USP já conduziu estudos semelhantes em alimentos e bebidas como shoyu, vinho e cerveja.
Foi na engenharia agronômica que teve início a trajetória de pesquisador do geneticista de plantas Marcio de Castro, que assumiu em abril a Diretoria Científica da FAPESP. Castro concilia, há vários anos, a pesquisa sobre a interação planta-inseto-patógeno com a atuação institucional. Foi membro da CTNBio, diretor da Capes e pró-reitor da USP, instituição na qual se radicou na volta do doutorado no exterior. Em entrevista, Castro conta seu percurso e antecipa as questões em que deve se debruçar na nova função.
A entrevista de Castro dialoga com a reportagem que traz a discussão sobre como ampliar o interesse de estudantes pela carreira científica e pela atividade de pesquisa, uma questão que se coloca não apenas no Brasil. Até a pandemia, o número de doutores formados no país cresceu solidamente, mas esses profissionais qualificados frequentemente não conseguem um trabalho que aproveite e desenvolva o seu potencial. Para entender melhor o problema, a Capes planeja um censo nacional da pós-graduação, de forma a conhecer as trajetórias dos egressos, que apresentam bastante variação regional e entre campos do conhecimento.
A dimensão continental do Brasil favorece o rádio como meio de comunicação. Dados da Kantar Ibope Media de 2022 mostram que 83% da população brasileira ouve rádio, seja no dial, via web ou plataformas digitais, como podcasts. O mesmo levantamento mostra que esse canal é percebido como confiável, com 56% dos ouvintes declarando que confiam no meio para se manterem informados.
Esta revista produz um programa semanal de rádio desde 2004, o Pesquisa Brasil, em parceria com a rádio USP FM. Em maio, o programa estreou um novo formato, dinâmico e com ainda mais conteúdo, trazendo um resumo de notícias sobre ciência e tecnologia, dois especialistas discutindo um mesmo tema e um pesquisador ou pesquisadora contando aos ouvintes como é seu trabalho, seus estudos. Pesquisa Brasil é coordenado e apresentado por Fabrício Marques, editor de Política Científica e Tecnológica da revista, e produzido por Sarah Caravieri. Está disponível no site da revista todo sábado às 14h e nos principais agregadores de podcasts.
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