A edição de outubro da revista Nature Genetics , um dos periódicos científicos com maior impacto na comunidade acadêmica internacional, trará um artigo de dez páginas com os resultados do projeto do genoma Schistosoma mansoni, uma das iniciativas da rede Onsa, a rede virtual de laboratórios genômicos criada no Estado de São Paulo pela FAPESP. Iniciada no primeiro semestre de 2001, a empreitada tinha como objetivo produzir pelo menos 120 mil ESTs – sigla que, em inglês, significa etiquetas de seqüências expressas – a partir do DNA do parasita, principal agente causador da esquistossomose.
As ESTs são fragmentos dos genes presentes no genoma de um organismo. Essa doença tropical, que no homem causa lesões no fígado, hemorragias e a popular barriga d’água, afeta 10 milhões de brasileiros, sobretudo no Nordeste e Centro-Oeste, onde é endêmica, e mais de 200 milhões de habitantes de zonas pobres do planeta. Todos os seis estágios do ciclo de vida do S. mansoni, cujo hospedeiro intermediário são caramujos do gênero Biomphalaria, foram alvo do trabalho do grupo brasileiro.
O artigo deve fornecer importantes informações para o desenvolvimento de novas formas de tratamento ou vacinas contra a moléstia. Para gerar informações sobre as regiões codificadoras do genoma do parasita (que dão origem a proteínas), o projeto usou basicamente o método de seqüenciamento Orestes, desenvolvido no Brasil. Ainda este mês, antes da saída de sua edição impressa de outubro, a Nature Genetics deve liberar, de forma antecipada, uma versão eletrônica do trabalho dos pesquisadores da Onsa. O projeto do genomaS. mansoni é coordenado por Sergio Verjovski-Almeida, do Instituto de Química da Universidade de São Paulo.
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